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Bombeiros de Joinville realizam um resgate inusitado e viralizam nas redes sociais

O resgate foi do boneco Nico, o melhor amigo de Sérgio da Silva, que havia caído da sacada do terceiro andar de um prédio no sábado.

NSCTotal
por  NSCTotal
25/02/2020 20:51 – atualizado há 3 anos
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No domingo (23), os bombeiros José Custódio Farias, Pedro Fleith, Heveraldo Barbosa dos Santos e Valdecir Preusser estavam no plantão do Corpo dos Bombeiros Voluntários de Joinville quando foram surpreendidos por uma ocorrência de busca e salvamento bem diferente das que estão acostumados a receber. 

Eram 21h49min e o trabalho dos bombeiros naquele dia havia sido focado em atender acidentes entre veículos e pequenos incêndios. Um novo chamado, feito de um apartamento da rua Lages, no centro da cidade, no entanto, também era urgente: resgatar o boneco Nico, o melhor amigo de Sérgio da Silva, que havia deslizado das mãos de Sérgio quando "tomava um banho de sol" na sacada do terceiro andar do prédio no sábado.

Sérgio tem 49 anos e deficiência intelectual causada por oxigenação cerebral insuficiente durante o parto. Por isso, seu desenvolvimento mental não ultrapassou os seis anos de idade. Nico foi um presente dado pela família depois que Sérgio se encantou com a bonequinha da sobrinha, há cerca de oito anos, e decidiram dar a ele também um "bebê de mentirinha". É para ele que uma grande porção do carinho de Sérgio é transmitida todos os dias, principalmente depois da morte do pai, com quem ele vivia, há dois anos.

— Ele tem roupinhas e troca todos os dia. O Sérgio leva o boneco para escovar os dentes quando escova os dele e comemora o aniversário do Nico junto com o dele. Ele fica com o Nico o tempo todo, menos quando vai para as aulas na Apae. Daí, ele avisa para o boneco ficar bonzinho e tirar um cochilo enquanto ele está fora — conta a irmã de Sérgio, Solange da Silva.
O boneco ficou caído por mais de 24 horas num local de difícil acesso(Foto: Arquivo Pessoal)

Foi por isso que, quando Nico caiu da sacada e foi parar em cima do telhado da garagem, recuperar o boneco era fundamental. Mas a família não tinha opções para realizar a "operação" de salvamento já que a única forma de acessar o local da queda era pulando sobre a cobertura feita com telhas de zinco. Durante 24 horas, a irmã dele, Cátia, tentou distraí-lo de todas as formas, mas nada, nem um domingo de pescarias, conseguiu acabar com o sofrimento de Sérgio. 

— Ele ficava indo para a sacada e olhava o boneco lá embaixo, e ficava chorando e conversando com ele. Não sabíamos mais o que fazer, a não ser chamar os bombeiros para ajudar — conta Cátia, que é dona do apartamento onde o "acidente" ocorreu.

Cátia ligou sem muita convicção de que seria levada a sério pelo atendimento do Corpo de Bombeiros de Joinville, mas com a determinação de uma irmã preocupada com a saúde e a felicidade do irmão. Para sua surpresa, a despachadora da Central de Emergência, Jaqueline Gonçalves, compreendeu a situação e registrou a ocorrência para que uma equipe de bombeiros pudesse ajudar a família. 

— Quando nos falaram que estava caído em um telhado, imaginei que era em cima de uma casa. Não entendi nada quando chegamos e era um prédio, até ver onde estava o boneco. Ali tem uma passagem de uns três metros e outra de quatro metros de altura. Depois, tinha o telhado. Subimos para ver onde ele estava, mas não dava para subir no telhado porque não sabíamos como era por baixo, não era um telhado grosso — conta o bombeiro José Custódio Farias, que atua há 26 anos na corporação.

O jeito para salvar Nico e acabar com as lágrimas de Sérgio foi usando conhecimento pré-treinamento como bombeiro: Farias abriu um laço e jogou até acertar o boneco. Depois, com o apoio dos colegas, foi fechando o laço até Nico ficar bem envolvido pela corda para ser içado até a equipe.

— Tentamos pinçá-lo, pensamos em outras ideias, mas nada dava certo. Foi no improviso, não tinha outro jeito de fazer — recorda Farias. 
Nesta terça-feira, Sérgio reencontrou a equipe que salvou seu "bebê"(Foto: Cláudia Morriesen)

Enquanto a ação ocorria, a família distraía Sérgio com passeios de carro. Ele chegou em casa assim que Nico voltou para o lar e emocionou os bombeiros quando pegou o bonequinho de volta nos braços. Nesta terça-feira, a equipe foi visitá-lo e ele pode, mais uma vez, agradecer por toda a ajuda. A partir de agora, Nico ficará bem longe das sacadas, mas bem pertinho do coração de Sérgio.

O Corpo de Bombeiros Voluntários postou a história nas redes sociais e ela já foi compartilhada mais de 1.100 vezes:

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