Desde que os EUA se firmaram como a maior economia mundial, o dólar passou a balizar as relações comerciais entre os países ao redor do mundo.
No mercado de ações, passou a ser visto como o ativo mais seguro para a proteção de patrimônio e, portanto, bastante cobiçado por investidores das diversas nacionalidades.
Sendo assim, tudo o que acontece internamente nos EUA impacta diretamente no preço do dólar.
No cenário atual, em que o mundo passa pela maior crise sanitária da história recente, a moeda americana começou a sofrer consequências em julho.
Após passar por um período de supervalorização logo no começo da pandemia, fechou o mês com queda de 4,07% - a maior baixa mensal desde dezembro de 2019.
A recuperação veio em agosto. Mesmo com as quedas preocupantes, a moeda encerrou este período mensal com alta de 5,02%, a maior desde março.
Em 31 de agosto, seu preço chegou a R$ 5,48, o que representa uma valorização de 1,2% após duas quedas consecutivas. Valor atrativo para algumas transações como comprar dólar on-line.
O desempenho negativo do dólar nos últimos tempos tem algumas explicações.
O primeiro ponto a se considerar é o fato de que os EUA são o epicentro da pandemia da Covid-19, tendo ultrapassado 6 milhões de infectados e mais de 183 mil mortos.
Mesmo com os avanços para a fabricação de uma vacina que exerça real proteção contra o novo coronavírus, o contágio está longe de ser controlado em solo norte-americano.
Além disso, o auxílio emergencial de US$ 600, autorizado pelo governo para mitigar os impactos da crise, expirou no final de julho, sem que fosse apresentada outra alternativa de apoio à renda dos consumidores.
Há 16,3 milhões de americanos sem emprego, número que representa um recuo recente de 10,3%, porém anda bem acima do que era registrado antes da pandemia.
Como reflexo, o PIB (Produto Interno Bruto) do país, ou seja, a soma de todas as riquezas geradas pelas atividades econômicas dos americanos, recuou 32,9% em taxa anual no último trimestre – uma marca histórica para os EUA.
Com todo esse cenário de incertezas, os investidores reagiram fugindo do dólar, o que contribuiu para a sua queda.
Apesar da forte influência das questões internas no desempenho do dólar no mercado, essa não é a única causa. Há ainda o acirramento da disputa entre os EUA e a China pela hegemonia econômica.
As duas superpotências disputam ainda a inovação em áreas como inteligência artificial e veículos elétricos, a corrida espacial e o armamento ultramoderno.
E, fator mais recente, ambos os países se enfrentam para ver quem consegue desenvolver a vacina contra a Covid-19 primeiro.
O presidente Donald Trump é acusado de querer acelerar a liberação da vacina por conta das eleições que se avizinham.
Confirmado como candidato à reeleição, Trump tem concentrado esforços em medidas populistas para o controle à pandemia, como barrar a imigração (o que agrada bastante seu eleitorado) e na aceleração da vacina, mesmo antes da conclusão dos testes.
O cenário de incertezas nos EUA acaba gerando um efeito manada no mercado financeiro. Ou seja, cada vez mais investidores estão se abrindo a outros ativos, que não o dólar, para a proteção do patrimônio.
Essa busca coincide com o fortalecimento das demais economias - com a da zona do euro, por exemplo - passado o impacto inicial do novo coronavírus.
Com isso, a moeda americana tem amargado resultados abaixo do esperado.