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Santa Catarina

Em meio a pandemia, cresce número de transplantes feitos no Hospital Santa Isabel, em Blumenau

Aumento em 2020 é discreto, mas muito comemorado pela unidade por conta do contexto que envolve o novo coronavírus no Brasil e no mundo.

NSCTotal
por  NSCTotal
14/06/2020 21:11 – atualizado há 3 anos
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Noventa e nove. Esse foi o número de vidas salvas com transplantes feitos no Hospital Santa Isabel (HSI), em Blumenau, de janeiro a maio deste ano. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o aumento é discreto: apenas um a mais em relação aos 98 de 2019, mas muito comemorado por profissionais de saúde.

Isso porque esse pequeno crescimento na quantidade de cirurgias de alta complexidade feitas na unidade ocorre em meio a um cenário de pandemia que trouxe interrogações a profissionais de saúde e chegou a paralisar os transplantes por cerca de 15 dias.

Mesmo sem saber como poderia ser o comportamento do novo coronavírus entre os pacientes, a unidade reforçou o isolamento da área exclusiva para transplantados e garantiu a continuidade da prestação de serviço àqueles que esperam por uma vida nova.

"Vírus novo, não sabíamos as consequências"

A médica Maíra Silva de Godoy, chefe dos transplantes hepáticos do Hospital Santa Isabel, relata insegurança no início da pandemia da Covid-19. Lutando contra um inimigo invisível e desconhecido, os profissionais tiveram de estudar saídas em meio a incógnitas — como, por exemplo, se os transplantados faziam parte do grupo de risco, ou não.

​— É um vírus novo e nós não sabíamos exatamente quais seriam as consequências relacionadas aos nossos pacientes. Ficamos muito inseguros, chegamos a parar os atendimentos eletivos, mas mantivemos o atendimento de pré-transplante porque são pessoas que não poderiam esperar. Nosso maior desafio foi, sim, nos adaptarmos a essa nova rotina — relata Maíra.

Equipe de profissionais durante um transplante que ocorreu neste ano no Hospital Santa Isabel.(Foto: Gabriel Silva, HSI, Divulgação)

Dos transplantes feitos no HSI, 55 foram de rins, 38 de fígado, três pares de córneas, dois pâncreas e rins conjugados, e um coração. Esses números consolidam a unidade e a cidade como referência para o procedimento em todo Brasil — no fim do ano passado, inclusive, o governador Carlos Moisés (PSL) sancionou um projeto que torna Blumenau a Capital Catarinense dos Transplantes.

"Soma de esforços"

O diretor-executivo do Hospital Santa Isabel, Juliano Petters, destaca que o número de 99 transplantes nos cinco primeiros meses de 2020 não é o limite e que é, sim, possível ampliar esse índice. Petters valoriza o trabalho da equipe e o que chama de “soma de esforços” para garantir que esses procedimentos de alta complexidade continuassem a ocorrer no HSI:

— Para nós, esse número é superação. Estamos surpresos e muito gratos com a equipe que conseguiu continuar o trabalho mesmo com as dificuldades. Tivemos uma situação diferente, com protocolos adaptados, para evitar a transmissão da Covd-19. E vale destacar: as doações continuaram. Então foi uma soma de esforços.

Hospital Santa Isabel é referência no Brasil em transplantes.(Foto: Gabriel Silva, HSI, Divulgação)

Cresce doações de órgãos em SC

Dados divulgados pelo governo de Santa Catarina na última semana mostram que aumentou o número de doação de órgãos no Estado nos cinco primeiros meses de 2020 em comparação ao ano passado. Para garantir a segurança de todos os envolvidos no processo, os doadores eram testados para a Covid-19, o que exigiu esforços extras das equipes.

Em meio a todas as dificuldades atreladas ao novo coronavírus, os profissionais ligados à captação conseguiram crescer em 15% a taxa de doadores. Foram 129 neste ano, contra 112 no mesmo período de 2018. O mês com menos doações foi março, auge do período de isolamento social em SC, com 19. Todos os outros meses registraram aumento.

— Mesmo enfrentando esse cenário de pandemia, Santa Catarina foi o único estado do Sul do país que conseguiu apresentar crescimento em relação às doações de órgãos. Isso mostra o tamanho da generosidade do povo catarinense — ressalta Joel de Andrade, coordenador estadual da SC Transplantes.

Profissionais relatam saturação

Médicos concentrados durante um transplante ocorrido neste ano no Hospital Santa Isabel, em Blumenau.(Foto: Gabriel Silva, HSI, Divulgação)

Assim como os profissionais da linha de frente — que atuam diretamente no combate à Covid-19 —, as equipes de transplantes também relatam saturação por conta do contexto e da sensação de medo relacionada à pandemia. Petters afirma que esse sentimento já vem desde março, início da pandemia em SC.

— O momento é de estresse emocional. Não dá para dizer que está tranquilo. Já são alguns meses, já que desde março a gente vem sentindo isso, esse cansaço nos profissionais. Nossa preocupação não é apenas o contágio [com o novo coronavírus], mas também a questão emocional. Se quando estamos em casa, os familiares já se preocupam, imagina para quem trabalha em hospitais — ressalta o diretor-executivo do HSI.

— Temos medo. Medo de nos infectar, de infectar nossos pacientes. Tomamos todas as precauções para que isso não ocorra, mas nos deixa estressados, já que queremos o melhor para todos. Chegamos a um momento em que os profissionais de saúde estão saturados, mesmo que aqui tenhamos um cenário até mais favorável, com menos internações, menos mortes, e uma organização hospitalar eficiente. Com tudo isso vamos conseguir manter nossa sanidade e nosso psicológico forte — sustenta Maíra Silva de Godoy.

A chefe de transplantes hepáticos do Hospital Santa Isabel finaliza:

Nosso objetivo no fim das contas é aumentar números. E aumentar números é salvar vidas.

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