A estiagem em Santa Catarina, que começou em meados do ano passado, já se iguala a mais severa da história, registrada em 1957, segundo o hidrólogo da Epagri, Guilherme Miranda. A previsão é de que o período de secas se estenda até o ano que vem, por influência do fenômeno La Niña.
A situação é preocupante principalmente nas regiões do Extremo Oeste, Oeste e Meio Oeste, onde o déficit hídrico no ano alcança 711mm, 801,9mm e 895,9mm, respectivamente, de acordo com dados da Epagri. Nas regiões mais afetadas de SC, 80 cidades decretaram situação de emergência, segundo a Defesa Civil.
Veja o balanço das regiões
- Regional de Concórdia: dos 14 municípios, 13 decretaram situação de emergência.
- Regional Xanxerê: dos 20 municípios, 14 decretaram situação de emergência.
- Regional de Chapecó: dos 22 municípios, 19 + 2 vigentes (Jardinópolis e Nova Erechim) decretaram situação de emergência.
- Regional de Maravilha: dos 17 municípios, 17 decretaram situação de emergência.
- Regional de São Miguel do Oeste: dos 19 municípios, 17 decretaram situação de emergência.
Segundo Guilherme Miranda, é necessário que o governo e agricultores estejam preparados para enfrentar situações extremas de secas e períodos de muitas chuvas.
– Essa situação vai continuar se repetindo. Nós vamos conviver com eventos mais extremos, seja de enchente ou estiagem, com mais frequência por causa do Aquecimento Global – afirma.
A produção agrícola de Santa Catarina tem sofrido grandes perdas nos últimos meses por conta da estiagem. A redução da oferta de vários itens básicos reflete diretamente no bolso do consumidor. Segundo o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, a inflação dos alimentos já está em 10% este ano. A safra do alho foi a mais atingida no inverno, com uma redução de 15%, aponta a Epagri. A criação de suínos, aves e gados de leite também estão sendo muito afetadas.
Nesta semana, o governo do Estado solicitou apoio da Assembleia Legislativa para destinar R$ 3 milhões aos atingidos pela falta de chuvas. Com a liberação de recursos, mais de 2.000 propriedades rurais do Oeste que enfrentam falta de água podem ser beneficiadas. O governo já havia liberado um total de R$ 42 milhões para as regiões afetadas pela seca.
Apesar de ter chuva prevista em todo Estado para a segunda quinzena de Novembro, o volume deve ser baixo, principalmente no Oeste. O meteorologista da NSC Comunicação, Leandro Puchalski, explica que a estiagem em Santa Catarina faz parte da normalidade do clima, especialmente quando ocorre o La Niña. O fenômeno é o principal responsável pela redução dos volumes de chuva, e deve se estender pelo verão de 2021.