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Pets

Estudo brasileiro diz que aves e répteis choram lágrimas semelhantes às dos humanos

O novo estudo encontrou semelhanças e diferenças com as lágrimas humanas que podem ser fundamentais para tratamentos veterinários e doenças oftalmológicas.

CNN Brasil
por  CNN Brasil
14/08/2020 14:13 – atualizado há 3 anos
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Pássaros e répteis podem não se parecer com os humanos em muitos aspectos, mas choram lágrimas semelhantes. A composição das lágrimas humanas é bem conhecida. Mesmo assim, até agora havia pouca pesquisa sobre a composição e as estruturas das lágrimas em répteis, pássaros e outros mamíferos.

É uma pena, já que compreender a composição das lágrimas de várias espécies pode nos dar uma visão sobre melhores tratamentos para os olhos tanto para pessoas quanto para animais, bem como aumentar nossa compreensão das adaptações evolutivas dos animais, de acordo com um novo estudo publicado na revista Frontiers in Veterinary Science.

Cientistas do Brasil coletaram amostras de lágrimas de animais saudáveis de sete espécies de aves e répteis, incluindo araras, falcões, corujas e papagaios, bem como tartarugas, jacarés e tartarugas marinhas.

“É importante entender os animais saudáveis para tratar animais doentes, porque as espécies dependem de sua visão”, contou a principal autora do estudo, Arianne Oriá, professora de clínica veterinária da Universidade Federal da Bahia, em Salvador. “Os animais não conseguem viver sem visão na natureza. Uma tartaruga marinha sem visão morrerá”.

Os humanos também precisam ter o que os pesquisadores chamam de “superfície ocular” saudável – ou seja, a camada externa do olho, incluindo a córnea, as lágrimas e as bordas das pálpebras. Caso contrário, eles terão muito desconforto, vermelhidão e coceira ou, possivelmente, problemas de visão ainda mais graves.

O novo estudo encontrou semelhanças e diferenças com as lágrimas humanas que podem ser fundamentais para tratamentos veterinários e doenças oftalmológicas. Embora as lágrimas de mamíferos como cães e cavalos sejam mais parecidas com as dos humanos, há quantidades semelhantes de fluido eletrolítico nos fluidos de aves, répteis e humanos (mas aves e répteis têm concentrações um pouco maiores do que os humanos).

Foto: Cortesia de Arianne P. Oria

Os pesquisadores também analisaram os padrões de cristalização que se formam quando as lágrimas secam, o que pode fornecer informações sobre as variações nos tipos de lágrimas e até revelar certos tipos de doenças nos olhos.

“Embora pássaros e répteis tenham estruturas diferentes responsáveis pela produção de lágrimas, alguns componentes desse fluido (eletrólitos) estão presentes em concentrações semelhantes às encontradas em humanos”, acrescentou Oriá em nota à imprensa. “Mas as estruturas cristalinas se organizam de maneiras diferentes para garantir a saúde dos olhos e o equilíbrio com os diversos ambientes”.

Apesar da composição lacrimal semelhante entre as espécies, as estruturas cristalinas mostraram maior variação. Nas lágrimas de tartarugas marinhas e jacarés, tais estruturas eram as mais distintas, provavelmente um produto da adaptação a seus ambientes aquáticos.

Meio ambiente é a chave

A pesquisa sobre as lágrimas também dá aos cientistas uma visão importante sobre o saúde dos habitats animais e os níveis de poluição. Animais vivendo em habitats semelhantes têm lágrimas semelhantes, e o ambiente ao redor tem um grande impacto na sua composição, disse Oriá à CNN.

“As lágrimas são os fluidos mais expostos ao meio ambiente. Assim, com modificações sutis no ambiente, elas também se alteram”, explicou a cientista brasileira. “Em humanos, por exemplo, sabemos que as pessoas que fumam têm suas lágrimas modificadas”.

Como organismos saudáveis têm o filme lacrimal ideal para seus próprios habitats, qualquer mudança no meio ambiente pode ter um grande impacto na saúde ocular.

“Se modificarmos nosso habitat com poluição ou qualquer outro fator, criaremos um habitat insalubre para nosso filme lacrimal”, explicou Oriá. “Portanto, os animais, assim como os humanos, teriam de passar vários anos para se readaptar ao habitat”.

Ela acrescentou que em muitas partes do mundo os habitats estão sendo poluídos e destruídos mais rápido do que a capacidade de adaptação dos animais (e das pessoas).

A cientista brasileira disse que mais pesquisas são necessárias para expandir a compreensão das lágrimas de mais espécies e traduzir essas descobertas em tratamentos para problemas oculares em animais e pessoas.

“Esse conhecimento ajuda na compreensão da evolução e adaptação dessas espécies, bem como na sua conservação”, concluiu.

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