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Houve o cumprimento de 295 ordens judiciais no Rio Grande do Sul e no Paraná. | Foto: PF / Divulgação /CP
Segurança

Operação da Polícia Federal descobre sofisticado esquema de lavagem de dinheiro da facção Os Manos

Operação Antracnos apurou ainda que a organização é comandada de modo horizontal

Correio do Povo
por  Correio do Povo
05/11/2020 14:52 – atualizado há 3 anos
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A investigação da operação Antracnose da Polícia Federal sobre o patrimônio da facção criminosa Os Manos apurou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro oriundo do narcotráfico e a condução dos negócios ilícitos com uma estrutura horizontal de comando. O trabalho policial foi coordenado pela Delegacia de Repressão às Drogas da PF no Rio Grande do Sul, sob comando do delegado Roger Soares Cardoso. “Essa investigação foi uma das mais complexas feitas pela delegacia e permitiu uma verdadeira radiografia do crime, pois mapeamos esta organização durante um ano”, explicou. “Pode-se afirmar que é maior organização criminosa que atua no RS”, avaliou.

A ação ostensiva foi deflagrada na manhã desta quinta-feira com o cumprimento de 295 ordens judiciais em Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Portão, São Sebastião do Caí, Nova Hartz, Tramandaí e Tapes, além das cidades paranaenses de São Miguel do Iguaçu e Medianeira. Houve 33 presos e apreendidos mais de 170 quilos de cocaína, em torno de 70 veículos e uma quantia em dinheiro que está sendo contabilizada.

A operação resultou ainda no sequestro judicial de 92 veículos e 18 imóveis, incluindo mansões e até uma fazenda de 140 hectares em São José do Norte, além do bloqueio judicial de contas bancárias de pelo menos 63 pessoas jurídicas e de 48 pessoas físicas. Em um haras em Tapes, os agentes encontraram quase 200 animais, entre bois, ovelhas e cavalos de raça.

Criação de animais era uma das formas de lavagem do dinheiro | Foto: PF / Divulgação / CP

Cerca de 200 policiais federais foram mobilizados. A Brigada Militar, através de mais de 100 policiais militares do 1º Batalhão de Polícia de Choque, Batalhão de Operações Policiais Especiais e do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio dos Sinos, prestou apoio na ação.

Investigação

O delegado Roger Soares Cardoso revelou que a investigação atingiu “números estratosféricos de drogas e valores movimentados”. De acordo ele, a facção fez circular em torno de R$ 140 milhões em um ano. No mesmo período, a organização criminosa trouxe cerca de quatro toneladas de cocaína pura vinda do Paraguai. Durante o trabalho investigativo, os policiais federais apreenderam 19 pistolas, seis fuzis e duas espingardas, cerca de R$ 2,6 milhões em dinheiro e mais de uma tonelada de entorpecentes.

Sobre o esquema de lavagem de dinheiro, o delegado Roger Soares Cardoso disse que aproximadamente 30 empresas lícitas foram criadas pela facção em diversos ramos de atividade econômica, como revenda ou locação de veículos, oficinas mecânicas, calçados e mercados, entre outros estabelecimentos comerciais. Até uma empresa de campeonato de videogame online foi montada.

“Chama muito a atenção este complexo de lavagem de dinheiro para branquear os capitais provenientes do tráfico de drogas. Estas empresas recebem aporte financeiro da facção para transformar em dinheiro lícito”, afirmou. No caso do haras em Tapes, a investigação da PF apurou que a lavagem de dinheiro ocorria através, por exemplo, de leilões dos animais com valores superiores e da reprodução fictícia de gado, com declaração de exemplares acima do que realmente existia.

Já em relação à estrutura de comando da facção, o delegado Roger Soares Cardoso observou que a organização criminosa possui um modus operandi parecido com a máfia italiana. Conforme ele, a direção é horizontal e não vertical. “Existem diversas células com várias lideranças que tomam as decisões em conjunto”, resumiu.

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