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Esporte

Os 50 anos do Colosso da Lagoa

A casa do Canarinho completa meio século. Quando foi projetado para 30 mil pessoas, a cidade tinha pouco mais de 29 mil habitantes, segundo o IBGE.

José Adelar Ody
por  José Adelar Ody
01/09/2020 18:01 – atualizado há 3 anos
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Meio século depois de ser inaugurado, o Colosso da Lagoa, estádio do Ypiranga FC ainda permanece como um dos principais cartões postais da cidade. Em 2 de setembro de 1970 quando recebeu a primeira partida e o “rei do futebol”, o estádio ganhou fama por ter a capacidade para abrigar quase toda a população da cidade. O estádio foi orçado em Cr$ 1.250.000.000,00 (Um bilhão, duzentos e cinquenta milhões de cruzeiros), segundo documento enviado pelo presidente da Comissão Central, Dr. Gladstone Osório Mársico, em dezembro de 1966 ao delegado regional do Imposto de Renda em Passo Fundo. Ele possui mais de 100 metros de pavilhão com 1300 cadeiras especiais. As arquibancadas foram projetadas para 21 degraus com cerca de 500 metros lineares cada um.

Tudo começou por volta de 1963. Um grupo de dirigentes recebeu e debateu a ideia de construção de um estádio. Foi criada uma empresa de comercialização de títulos e sorteio de carros. Cem sócios compraram à vista os 100 primeiros títulos. O dinheiro foi dado de entrada para a compra do terreno de 40 mil metros quadrados, hoje a 2,5 quilômetros do centro às margens da BR 153. Um ano antes da conclusão do estádio o governo federal baixou um decreto proibindo a comercialização dos planos de sorteios de carros. Temia-se que o Colosso da Lagoa não fosse concluído exigindo muito esforço dos dirigentes para terminar pelo menos o estádio, ficando para quando desse (até hoje não foi possível) a conclusão de um parque esportivo e de lazer.

Em 23 de outubro 1964 começaram as obras. Três construtoras de Erechim trabalharam em etapas distintas. O estádio recebeu seu nome popular ao acaso. Por ocasião da 1ª Jornada de Medicina do Interior, um grupo de médicos em visita ao estádio, foi recepcionado com um churrasco no local. O dr. Wilson Wattson Webber, orador oficial do clube, falando em nome do Ypiranga disse: “... aqui ergue-se o Colosso da Lagoa...”, referindo-se à obra em andamento onde antes havia uma lagoa. O nome popular foi bem recebido por dirigentes, imprensa e torcedores e assim o Estádio Olímpico do Ypiranga FC passou a ter um nome próprio – Colosso da Lagoa.

Danton Hartmann relatou-me certa feita que a história deveria destacar pelo menos três nomes na construção do Colosso da Lagoa. O dr. Gladstone Osório Mársico, presidente da Comissão Central, Hermes Campagnolo, presidente da Comissão de Finanças, que chegou a ser patrono do clube, e o presidente do Ypiranga naquela época, e que ficou sete anos no cargo tornando-se o presidente que mais tempo ocupou a presidência do clube das Cores Nacionais, Oscar Abal.

Comentava-se que até o general Alfredo Stroessner (presidente do Paraguai na época) teria comprado um título do Ypiranga.

Não resta dúvida que Erechim ficou conhecida nacional e até internacionalmente em razão do estádio. A razão era simples: além do belo estádio que seria entregue, corria a informação que estava por ser inaugurado no País um estádio de futebol onde cabia toda a população da cidade. Quando foi projetado para 30 mil pessoas, moravam na cidade pouco mais de 29 mil pessoas segundo o IBGE. Em 1970 quando foi inaugurado, Erechim já contava com mais de 34 mil habitantes na área urbana.

Mas nem tudo foi paz e amor durante o período de construção do Estádio Olímpico do Ypiranga, como foi amplamente divulgado na época entre os anos 1964 e 1970. Em um determinado momento a Direção do Clube e Comissão Central de Obras viram-se na obrigação de intervir na área responsável pela comercialização de títulos que davam direito aos adquirentes participar de sorteio de prêmios. Ao longo desse período, documentos revelam que o clube chegou a contar ora com 30 mil sócios, ora com 50 mil sócios, deduzindo-se como sócios os adquirentes de títulos que podiam ser encontrados principalmente nos três Estados do sul do País.

Também foram enfrentadas renegociações de preços da própria obra por conta do aumento de preço de materiais e da mão de obra, além da variação de preços nos prêmios distribuídos. Tudo compreensível. Na reta final o Ypiranga foi atingido pela proibição da venda de planos de sorteios de carros.

Exatos dez dias antes da inauguração do Colosso da Lagoa, mais precisamente em 22 de agosto de 1970 (a inauguração ocorreu dia 2 de setembro), a diretoria e as comissões tiveram que fazer empréstimo de emergência de Cr$ 100 mil junto e dois bancos da cidade para garantir a presença do Santos FC na inauguração. A soma seria entregue ao clube paulista antes da equipe comandada por Pelé entrar em campo. Mas nada foi suficiente para quebrar a unidade dos ypiranguistas nem esmorecer a ideia, a concepção, a construção e a inauguração do estádio.

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