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Aerossóis do vulcão em Tonga colorem o céu do Sul do Brasil
O cinegrafista Fernando Genro registrou o por do sol em Erechim nesta terça-feira. Cores do céu que chamam a atenção em estados do Sudeste agora encantam em cidades do Sul do Brasil.
Há vários dias a coloração do céu vem chamando a atenção dos brasileiros ao amanhecer e no fim da tarde. Inicialmente, as imagens do céu cor de rosa ou muito alaranjado ou vermelho vieram de vários estados da Região Sudeste. Nesta semana, o céu tem dado espetáculo no nascer do sol e no caso também em estados do Sul do país. A razão é a erupção maciça de um vulcão submarino em Tonga, no Pacífico Sul, na metade de janeiro. A constatação foi confirmada em análise da MetSul, em análise por satélite.
O aspecto do céu muito avermelhado, rosa e laranja decorre de material particulado e aerossóis liberados pela erupção na atmosfera superior. A cinza fina ejetada por uma erupção vulcânica na estratosfera pode ser transportada pelos ventos para todo o mundo.
Ainda segundo a MetSul, o dióxido de enxofre expelido reage na atmosfera para formar aerossóis de sulfato (aerossóis são partículas minúsculas suspensas no ar). Tanto as cinzas quanto os aerossóis podem espalhar os raios do sol, dando ao nascer e ao pôr do sol as cores mais vibrantes que se têm observado. Partículas no ar normalmente espalham a luz solar recebida e é por isso que o céu é azul durante o dia. Quando o Sol se põe ou nasce, os raios atingem as camadas superiores da atmosfera e os comprimentos de onda são divididos e refletidos em vez de serem absorvidos.
O pôr do sol (e o nascer do sol) parecem avermelhados porque os raios do sol têm mais da atmosfera a percorrer e apenas as ondas mais longas na extremidade vermelha do espectro se destacam. Os aerossóis de sulfato, em particular, podem intensificar tal efeito, adicionando mais obstáculos para a passagem da luz. As cores muito vibrantes do céu em razão da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai aparecem ontem e hoje em muitas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Paraná, encantando quem atentou para o céu ao amanhecer e principalmente no fim da tarde. Em Porto Alegre, o efeito foi muito visível a partir desta terça com o céu claro no fim da tarde e sem as nuvens da véspera.
ANÁLISE POR SATÉLITE CONFIRMA AEROSSOL VULCÂNICO
Como há muitos incêndios neste momento em Corrientes na Argentina e no Paraguai, o fim de tarde espetacular de hoje em tese poderia ser resultado de fumaça, mas tal hipótese não se corrobora por vários fatores. Quando há fumaça o céu assuem um tom mais fosco durante o dia e ontem estava muito azul em Porto Alegre durante a tarde. Ademais, as correntes de vento não eram originárias das áreas dos incêndios e sim de Sul após a passagem de uma frente fria pela costa no começo do dia. As imagens de satélite não mostravam fumaça na área de Porto Alegre e os sensores de dióxido de enxofre por satélite acusavam a presença na segunda do aerossol sobre Sul do Brasil.