Rio Grande do Sul
Aglomerações de carnaval preocupam autoridades de saúde
Registro de nova variante ainda mais transmissível e que pode atingir quem já foi infectado pelo coronavírus, pode agravar a situação da doença no estado
O registro de um caso recente de contaminação da variante P1 da Covid-19 por um idoso de 88 anos, em Gramado, na Serra Gaúcha, gera preocupação com as aglomerações registradas durante o Carnaval ainda maior. Sabe-se, até agora, que a nova variante é ainda mais transmissível. Segundo André Luiz Machado, médico infectologista do Grupo Hospitalar Conceição, mesmo que ainda não se tenham dados concretos sobre o nível de letalidade, o possível aumento no contágio é preocupante.
Em entrevista ao programa “Esfera Pública” da Rádio Guaíba, o médico ainda ressaltou que pode subir a pressão por falta de leitos nos hospitais. Conforme ele, segundo estudos, 15% dos infectados por essa cepa do coronavírus tiveram seu quadro clínico evoluindo para a forma mais grave da doença, precisando de atendimento. “Não temos capacidade no nosso sistema de atender esses 15% a mais”, enfatizou. “É lamentável a falta de comprometimento, responsabilidade e cooperação da população com a pandemia. Apesar da estratégia de prevenção com a vacina, apenas 2% da população brasileira foi imunizada”, criticou Machado.
Apesar de 20 dos 27 estados brasileiros terem cancelado as festas de Carnaval e dos decretos que impedem, por lei, celebrações em locais privados, na prática a situação tem sido diferente. Em entrevista, o subcomandante da Brigada Militar, coronel Vanius Cesar Santarosa, relatou que a situação no Litoral Norte do Estado está “bastante delicada”. Machado explicou, ainda, o porquê de abordagens mais leves: “As pessoas que estão fazendo aglomerações eu acredito que não têm noção da consciência do problema. Temos jovens que estão na beira da praia escutando música, dançando com os amigos”, disse. “Não são bandidos”, observou o oficial da Brigada Militar.
Segundo o coronel, a ação da BM tem sido feita em conjunto com as prefeituras, e busca trazer a conscientização através do diálogo. “Tem uma parcela (da população) que não aceita isso de forma amigável. Mas é o nosso trabalho, precisamos fazer com que o distanciamento seja cumprido. Tem gente que não aceita, mas é o jeito”, afirmou. Santarosa explicou que as aglomerações não se concentram em ambientes fechados, mas sim ao redor de bares, quiosques e pessoas com caixas de som na beira mar.
Na praia de Capão da Canoa, apenas em uma noite, foram recolhidos 15 equipamentos. Desde o início da pandemia, a cidade, cuja população é estimada em 54 mil pessoas, já registrou 4.023 casos de Covid-19, com 80 mortes.