Saúde
Agosto Dourado: especialista comenta sobre verdades e tabus do aleitamento materno
No Brasil, número de mulheres que amamentam aumentou de 4,7% para 60% desde 1986
A amamentação é o momento de maior troca entre mãe e filho. É onde se criam os laços, a intimidade e o ritmo daquela relação que acaba de nascer. Porém, ainda existem muitos mitos sobre o aleitamento materno. E para sanar essas dúvidas e dar mais visibilidade ao ato de amamentar temos o Agosto Dourado, mês que levanta a bandeira da amamentação não apenas como fonte de alimentação, mas também como benefício à saúde de mães e bebês.
Para a Enfermeira e Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem da Fundatec, Paola Fernanda Ravanello, a amamentação da criança nos primeiros meses de vida é fundamental, pois além de fortalecer o sistema imunológico também gera o vínculo afetivo mãe-bebê.
“Hoje consideramos que o aleitamento materno é responsável por prevenir alergias, anemias, obesidade além de ser uma alimentação de fácil digestão para a criança e também favorecer muito no desenvolvimento”, explica.
E não é só o bebê que se beneficia, pois para a mulher amamentar auxilia na perda de peso ganho na gestação, proteção de doenças cardiovasculares e a redução da incidência de câncer de mama, ovário e endométrio.
Principalmente para as mulheres que estão na primeira gestação, a amamentação é um tabu pois gera muitas dúvidas e ainda existem muitos mitos por trás.
“Deve ser sempre enfatizado que não existe leite materno fraco, que as mulheres com prótese mamária podem amamentar e que mais que nutrir, a mulher está criando laços afetivos com o bebê”, ressalta Paola sobre as principais crenças em torno da amamentação.
O ato de amamentar não deve ser romantizado, pois existem muitas dificuldades e têm mulheres que sofrem com rachaduras, mastites e fissuras. Por isso, o Agosto Dourado é tão importante, pois simboliza a luta pelo incentivo à amamentação através de campanhas informativas.
“É importante que a futura mamãe se prepare com conhecimento, leituras, trocas de experiências com outras mães sobre o processo da amamentação”, avalia Paola.
A enfermeira também ressalta que, além dessa preparação teórica, existem outras maneiras para se ter uma amamentação mais saudável, como massagear as mamas com movimentos circulares principalmente sobre regiões endurecidas para evitar mastite, cuidar a pega correta do bebê no seio durante a mamada e a utilização de sutiãs firmes e adequados são algumas dicas práticas.
“Amamentar não é uma tarefa fácil e requer muito esforço, perseverança, tranquilidade e ajuda constante para que a mulher passe pelas adversidades da amamentação”, conclui.
Aumento do índice de amamentação no Brasil
O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil - Enani 2019, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez uma análise da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) dos anos de 1986, 1996 e 2006, comparando com amostras de 2019 e 2020. O resultado preliminar aponta que nos últimos anos houve crescimento no tempo de amamentação.
Segundo o estudo, o aleitamento materno exclusivo entre os menores de 6 meses aumentou 42,8 pontos percentuais entre 1986 e 2020, passando de 2,9% para 45,7%.
De 6 a 12 meses, o índice passou de 22,7% para 53,1%, e o aleitamento materno entre crianças menores de 24 meses chegou a 60,9% em 2020.
Analisando os dados e os períodos estudados, nota-se que esse crescimento pega uma linha reta junto aos direitos das mulheres na Constituição Federal de 1988, com estabilidade trabalhista e licença maternidade de 120 dias, o que atinge os 4 primeiros meses de vida do bebê, fase que, segundo a pesquisa, a amamentação passou de 4,7% para 60%.
Paola explica que o aumento no tempo de licença maternidade foi um fator que desencadeou um crescimento nos índices, mas também as inúmeras campanhas de incentivo que são realizadas para estimular essas mulheres desde os primeiros meses de gestação até o puerpério.
E que além disso, as redes sociais com depoimentos de outras mães compartilhando suas dificuldades e vitórias no processo de amamentação tem ajudado para que outras mulheres busquem o apoio e conhecimento necessário.
“Quando as mulheres no puerpério se sentem amparadas e compreendidas, elas conseguem entender o benefício da amamentação, ela deixa de ser uma obrigação e passa a ser um prazer”, finaliza.