Agricultores farão "tratoraços" no Interior durante visita de Lula a Porto Alegre
Atos em frente a agências bancárias devem aumentar na sexta-feira, 16, quando o chefe do Executivo inaugura obras e entrega unidades habitacionais na região Metropolitana
Os agricultores gaúchos estão organizando uma série de protestos, conhecidos como "tratoraços", que ocorrerão no interior do estado durante a visita do presidente Lula a Porto Alegre. Esses atos, que estão programados para acontecer nesta sexta-feira, 16, serão realizados em frente a agências bancárias de vários municípios do Rio Grande do Sul. O movimento faz parte de uma mobilização mais ampla, coordenada pelo SOS Agro RS, em resposta às políticas do governo federal, que os agricultores consideram insuficientes para aliviar o endividamento rural decorrente de condições climáticas extremas nos últimos três anos.
Graziele de Camargo, líder do SOS Agro RS, afirmou que as medidas governamentais até agora implementadas não atendem nem 20% das necessidades da agricultura familiar no estado. Após uma reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Graziele expressou preocupação com o aumento da tensão entre os agricultores, enfatizando a dificuldade em conter manifestações mais intensas devido à falta de soluções concretas para a crise no campo.
O SOS Agro RS já organizou três grandes protestos este ano, incluindo um tratoraço em Porto Alegre no início de agosto. No entanto, a liderança do movimento agora se isenta de responsabilidade sobre as ações futuras, refletindo o crescente desespero entre os produtores rurais.
O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, solicitou uma reunião com o presidente Lula para discutir a situação, mas até a tarde de quinta-feira, 15, ainda não havia recebido uma resposta do governo.
Enquanto isso, o governo federal, por meio do ministro Carlos Fávaro, anunciou uma moratória de mais 30 dias para as dívidas rurais dos produtores que foram afetados pelas enchentes de maio. Apesar dessa prorrogação, as resoluções aprovadas recentemente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ainda deixam de fora muitas categorias de financiamento, especialmente aquelas que foram contratadas com juros livres, causando frustração entre os agricultores.