Agro
Agricultura registra perdas de até 70% em razão das fortes chuvas, afirma Emater
Na região, 27 municípios já decretaram situação de emergência
O Alto Uruguai gaúcho, assim como todo o sul do Brasil, sofre com o excesso de chuva desde o início do mês de outubro. De lá para cá, diversos municípios da região contabilizaram inúmeros estragos nas áreas rurais e urbanas, com destaque para a tragédia sem precedentes que atingiu a localidade de Barra do Rio Azul no último dia 3. Na agropecuária, os prejuízos são bem expressivos também.
Até o momento, 27 cidades do território de abrangência do Escritório Regional da Emater em Erechim já decretaram situação de emergência e outras já encaminham laudos para compor o decreto.
Trigo e cevada
De acordo com a coordenadora regional, Fernanda Angonese, as perdas são maiores nas culturas de trigo e cevada, que chegam a 60% e 70%, respectivamente. Além do que foi perdido, a quantidade de trigo que foi possível colher é de baixa qualidade, informa a coordenadora, o que influencia negativamente no preço pago aos agricultores. Já na cevada, a totalidade dos grãos colhidos será destinada à alimentação animal, já que a produção não apresenta condições para ser destinada à indústria cervejeira.
Soja, milho e atividade leiteira
“Na soja, o que ocorre é um atraso na implantação das lavouras, dentro do período de zoneamento. Esta seria a janela de plantio mais apropriada, porém as condições climáticas impedem a entrada na lavoura para a sua implantação”, destaca Fernanda.
Com relação ao milho, a representante da Emater diz que o plantio foi feito em sua totalidade e que existem dificuldades para quantificar as perdas até o momento. Porém, ela salienta que há problemas no desenvolvimento da cultura por causa do excesso de água no solo e resfriamento das raízes.
A coordenadora pontua que a produção de leite registra perdas de 10% a 20% em razão de falta de luminosidade e pisoteio do gado nas pastagens, que servem como alimento para os animais.
Perdas no solo e expectativa para as próximas safras
Segundo Fernanda, o temporal do último dia 3, que causou alagamentos históricos na região, gerou inclusive perdas no próprio solo, pelo processo de lixiviação, algo que, segundo ela, impacta de forma direta na implantação das próximas safras.
“Serão necessários investimentos para a recuperação da camada arável do solo”, pontua a coordenadora, que também enfatiza a apreensão da entidade com relação com os prognósticos climáticos que preveem precipitação acima da média até meados de abril.
“Há a necessidade de lançar mão da implantação de tecnologias de práticas conservacionistas mais consistentes, que promovam a manutenção das características físicas, químicas e biológicas do solo, com o manejo integrado de pragas e doenças para minimizar os danos causados pelo excesso de umidade no ambiente, que é uma condição adequada para o desenvolvimento de fungos”, finaliza Fernanda.