Santa Catarina

Alerta da MetSul: ciclone projeta temporal nunca observado na costa do RS e SC

O alerta MetSul Meteorologia diz que existem muitas incertezas ainda quanto à evolução deste ciclone, mas o conjunto de dados já permite se antecipar a possibilidade de vento forte a intenso no Sul e no Leste do RS

Por MetSul Meteorologia Publicado em 14/05/2022 09:52 - Atualizado em 03/06/2024 11:10

A MetSul Meteorologia divulgou na manhã deste sábado um alerta de alta importância para a população do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Está previsto a chegada de um ciclone com previsão potencial para situação de alto risco meteorológico, entre a terça (17) e a quarta-feira (18) por uma inusitada situação em que ciclone de trajetória e características atípicas avança do mar em direção ao continente com ameaça de vento muito forte com rajadas intensas por várias horas, oferecendo perigo de danos estruturais e transtornos em serviços públicos.

O alerta MetSul Meteorologia diz que existem muitas incertezas ainda quanto à evolução deste ciclone, mas o conjunto de dados já permite se antecipar a possibilidade de vento forte a intenso no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul. Se as projeções menos agressivas dos modelos se confirmarem já é alta a probabilidade que venham a ocorrer alguns transtornos para a população. Nos piores cenários indicados pelos modelos, o risco de impactos é grave.

CICLONE DE TRAJETÓRIA INCOMUM E RARA

O cenário meteorológico projetado por modelos gerados por supercomputadores é bastante incomum e foge ao que normalmente se observa na atuação de ciclones nas latitudes médias da América do Sul. O comportamento do ciclone indicado pelas simulações computadorizadas é significativamente anômalo, seja pela trajetória que vai percorrer como pela intensidade que os dados apontam deve adquirir, sem mencionar a característica do sistema meteorológico que não é a tradicional da região. Ciclones são comuns durante os meses de outono, inverno e primavera no Atlântico Sul pelo encontro de massas de ar quente e frio de diferentes pressões atmosféricos.

Meteorologistas da MetSul explicam que normalmente, os sistemas se formam na altura do Rio da Prata ou mais ao Sul do Atlântico, como na costa de Buenos Aires ou junto à Patagônia. São estes ciclones que impulsionam massas de ar frio com o conhecido vento “Minuano” no Rio Grande do Sul e que ao interagirem com o ar polar acabam em algumas vezes provocando neve.

Este ciclone também vai acompanhar uma massa de ar frio e impulsionará, pela sua formação e posicionamento mais ao Norte que o habitual, o ar frio pelo interior do continente com forte queda da temperatura em ao menos metade dos estados brasileiros, havendo a expectativa de mínimas muito baixas e formação de geada em muitos estados, notadamente do Sul, Centro-Oeste e do Sudeste do território brasileiro.

Em sua publicação deste sábado a MetSul explica mais: “o cenário meteorológico que se apresenta deve ser visto com grande preocupação pelos riscos envolvendo este ciclone. Um dos elementos atípicos deste sistema será a sua trajetória. Todos os principais modelos globais, usados pela Meteorologia no mundo inteiro, apontam o mesmo cenário em que uma baixa pressão retrógrada avança do mar para o continente, o que é por demais incomum. Normalmente, os ciclones que se formam na costa do Sul do Brasil ou na altura do Uruguai ou do litoral de Buenos Aires avançam para Sudeste e o Leste, distanciando-se do continente. Este, ao contrário, no que é absolutamente incomum, vai observar uma trajetória oposta. Os dados indicam que vai se deslocar do mar para o continente.

A área de baixa pressão que cruza o Sul do Brasil com chuva neste fim de semana avançará para o oceano no domingo (15) e se distanciará rapidamente do continente, afastando-se cerca de quase mil quilômetros da costa gaúcha. Então, subitamente, a área de baixa pressão daria uma guinada a começaria a avançar de volta para o continente, observando uma trajetória retrógrada e se intensificando muito rapidamente como um ciclone. Inicialmente, conforme as saídas dos modelos de ontem, o ciclone atingiria a costa do Uruguai, especialmente o departamento uruguaio de Rocha, e depois o Chuí e Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul gaúcho, ingressando no continente ou margeando o litoral.

Na sequência, o potente ciclone extratropical se deslocaria para Norte pelo Leste do Rio Grande do Sul, até atingir o Sul de Santa Catarina e depois retornar ao oceano. Ocorre que nas rodadas do começo deste sábado, em cenário distinto do que sinalizavam na sexta, a maioria dos modelos numéricos indica uma passagem do sistema sobre o mar e a uma maior distância da costa, o que diminuiria muito o risco de vento muito intenso no continente, em cenário muito menos perigoso que o demonstrado na sexta. Justamente um dos pontos de incerteza ainda sobre este sistema está na sua trajetória ao passar pelo Sul do Brasil.



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