Rio Grande do Sul

Alerta: O El Niño está chegando com os primeiros eventos de tempestades severas

El Niño começa a fazer efeito e fenômenos devem impactar o Sul do Brasil até a metade da semana que vem com chuva intensa e risco de fortes tempestades. Veja vídeo:

Por MetSul Meteorologia Publicado em 05/07/2023 13:11 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

A MetSul Meteorologia alerta que dois eventos de chuva intensa e tempestades atingirão o Sul do Brasil em apenas cinco dias sob um cenário meteorológico bastante complexo. A condição atmosférica durante a segunda semana de julho no Sul do país será de enorme instabilidade com a atuação de uma frente fria, uma frente quente, centros de baixa pressão (um com potencial de configurar ciclone junto à costa), uma massa de ar muito quente, uma massa de ar muito frio, e uma intensa corrente de jato, o que levará a altos acumulados de precipitações e alta probabilidade de tempo severo. 

A instabilidade maior vai se dar em dois momentos. O primeiro, entre esta sexta (7) e o começo do sábado (8). O segundo, entre segunda (10) e quarta-feira (12) da próxima semana. Serão duas situações distintas de tempo severo com características sinóticas diferentes, mas ambas trarão condições de risco de chuva excessiva e temporais na parte meridional do Brasil.

Nenhuma delas se assemelha ao cenário dos dias 15 e 16 de junho, quando uma baixa pressão avançou do Sudeste para a costa do Rio Grande do Sul, gerando um ciclone extratropical muito perto da costa e com grande advecção de umidade para os morros da Serra do Mar, o que levou a um evento de precipitação extrema de natureza orográfica (associada ao relevo).

Embora ofereçam significativos riscos para a população por excesso de chuva e tempestades que, localmente, podem ser severas, estes dois eventos previstos terão baixas pressões que se movimentarão de Oeste para Leste, o normal na região, e não como no evento de junho em que o sistema migrou em direção à costa, antes de afastar para mar aberto.

O risco de temporais é válido para os três estados do Sul, especialmente no evento da semana que vem, mas o perigo de chuva excessiva com volumes muito altos na soma dos dois episódios é maior para o Rio Grande do Sul, onde os acumulados de precipitação devem ser bastante altos e dentro do que poderia se esperar em um mês de julho sob El Niño.

A MetSul Meteorologia enfatiza que, apesar de não se antecipar uma situação como a dos dias 15 e 16 de junho, a população deve estar muito atenta aos riscos de fenômenos severos neste dois episódios de instabilidade, em particular o da próxima semana pelo maior potencial de temporais fortes a severos. O PRIMEIRO EVENTO O tempo começou a mudar hoje no Rio Grande do Sul com aumento de nebulosidade e chuva sem volumes expressivos no Sul e parte do Leste do estado, embora o sol apareça em diversos pontos do estado. Amanhã, a chuva afeta o Oeste e o Sul e depois atinge pontos da faixa central do estado no fim do dia.

A instabilidade aumenta na sexta com o deslocamento de uma frente fria e o aprofundamento de um centro de baixa pressão (toda a baixa é ciclônica seja fraca ou intensa) no fim do dia sobre o Nordeste do estado. No sábado, entre a madrugada e de manhã, a instabilidade atinge o seu máximo de intensidade. Da tarde para a noite de sábado, com o afastamento da área de baixa pressão, a instabilidade cede e o tempo começa a apresentar gradual melhoria.

Nuvens carregadas se formam sobre o Rio Grande do Sul na sexta com chuva na maior parte do estado. Chuva que será acompanhada de raios e trovoadas, e que deve ser forte a intensa em alguns momentos. As condições atmosféricas se deterioram muito principalmente na segunda metade do dia, sobretudo à noite. No sábado, o período mais crítico será o da madrugada e da manhã com chuva forte e volumosa com raios e trovoadas.

O cenário é propício para pancadas por vezes torrenciais que podem gerar elevados volumes em curto período, assim que podem ocorrer alagamentos e inundações repentinas. Da mesma forma, a presença de nuvens convectivas (carregadas) com uma corrente de jato transportando ar quente e uma baixa pressão atuando, pode gerar temporais com alta incidência de raios, ocasional granizo e vento forte. Estas nuvens carregadas não permitem se afastar vendavais em alguns pontos com rajadas mais fortes. Como vai estar chovendo muito, o solo fica mais instável e podem ocorrer quedas de árvores. Outro risco é de cortes de energia, mas, dadas as características deste evento, não se antecipa situação de desabastecimento de luz na escala do episódio do mês passado. Não vai esfriar muito porque não existe uma massa de ar frio de maior intensidade avançando no interior do continente. Por isso, a baixa pressão vai dar origem a um ciclone sobre o mar no fim de semana, mais afastado do continente.

Repetimos: um ciclone pode se formar no fim de semana, mas sobre o mar e mais distante da costa.

SEGUNDO EVENTO 

A trégua da forte instabilidade será muito curta no Sul do Brasil. Um segundo evento de tempo severo é projetado para a primeira metade da próxima semana e este será mais abrangente e com potencial de ser mais forte e ter maiores impactos. Por isso, enquanto o primeiro evento – desta sexta e do sábado – vai afetar mais o Rio Grande do Sul, este segundo episódio de mau tempo terá maior impacto em Santa Catarina e no Paraná, além do estado gaúcho. O cenário é bastante complexo, assim é importante se estabelecer uma cronologia. 

Na segunda, fortes áreas de instabilidade se formam sobre o Paraná e começam a avançar de Norte para Sul, impulsionadas por ar muito quente que vai estar ingressando pelo interior do continente sobre o Paraguai. Isso vai gerar uma frente quente clássica, um fenômeno típico de inverno, que se propaga para o Sul e levará chuva e trovoadas com risco de temporais isolados até o fim do dia ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Na terça, a frente vai estar sobre o Rio Grande do Sul com chuva e temporais, enquanto ar muito quente cobre o Paraná, Santa Catarina e talvez o Norte gaúcho com sol e muito calor para esta época do ano. Ao longo do dia, à medida que ar muito gelado avança pelo interior do continente com um centro de alta pressão, a frente perderá suas características quentes e passará a ser uma frente fria.

Com efeito, a terça-feira é um dia de alto risco de chuva forte a intensa com altos volumes e ainda temporais que isoladamente podem ser fortes a severos com muito raios, granizo isolado e potencial para vendavais localizados. Na quarta, como frente fria, o sistema faz o caminho contrário da segunda-feira e avança de Sul para Norte, impulsionado por uma massa de ar polar. A frente se desloca com chuva e risco de tempestades pelo Sul do Brasil, atingindo ainda o Rio Grande do Sul no começo do dia e depois Santa Catarina e o Paraná. Até o fim do dia chegaria ao Centro-Oeste e ao estado de São Paulo, também com chuva e risco de temporais.

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