AGRICULTURA

Área destinada ao trigo no RS deve encolher 10% na safra de inverno de 2025

Endividamento, crédito restrito e clima incerto influenciam retração; canola e aveia crescem na contramão

Por Redação Publicado em 16/06/2025 21:47 - Atualizado em 16/06/2025 23:25

A principal cultura de inverno do Rio Grande do Sul, o trigo, deve sofrer uma retração expressiva nesta safra. Estimativas apontam que o Estado deve semear 1,19 milhão de hectares com o cereal em 2025 — queda de 9,98% em relação ao ciclo anterior, quando foram plantados 1,33 milhão de hectares.

A produção também deve encolher, embora em menor proporção: são esperadas 3,59 milhões de toneladas, cerca de 100 mil toneladas a menos que em 2024, representando uma redução de 2,95%. Por outro lado, a produtividade média projetada é de 2,99 toneladas por hectare — aumento de 7,7% —, amparada por previsões climáticas mais próximas da normalidade.

Foto: Arquivo Agência Gov

Segundo técnicos do setor, a retração na cultura do trigo está ligada principalmente ao endividamento dos produtores, à dificuldade de acesso ao crédito rural e à migração para alternativas mais rentáveis, como a canola.
“O acesso ao crédito está muito menor que no ano passado e boa parte dos agricultores está fazendo as lavouras com recursos próprios”, analisam especialistas.

Canola em expansão

A canola surge como principal beneficiária dessa mudança. A área plantada com a oleaginosa deve crescer 37,41%, atingindo 203,2 mil hectares. A produção estimada é de 208,8 mil toneladas — aumento de 69,99% em relação à safra anterior. Com preços mais atrativos e forte demanda da indústria alimentícia, a cultura vem ganhando espaço nas lavouras gaúchas de inverno.

Aveia cresce, cevada encolhe

A aveia branca também apresenta crescimento, com estimativa de aumento de 8,91% na área plantada, totalizando 401,2 mil hectares. A produção prevista é de 904,37 mil toneladas, 11,78% acima da registrada em 2024.
A cevada, por sua vez, enfrenta a maior retração proporcional entre as culturas de inverno. A área deve cair 21,97%, ficando em 27,33 mil hectares, com produção estimada em 87,41 mil toneladas — 19,9% a menos.

Menor área, produção maior

Apesar da redução de 2,78% na área total plantada com culturas de inverno — que deve ficar em 1,83 milhão de hectares — a produção total está projetada para crescer 2,25%, alcançando 4,93 milhões de toneladas.

Especialistas alertam que a queda no uso da terra durante o inverno pode ter impactos negativos no desempenho das lavouras de verão, além de aumentar os custos de produção. O cultivo no inverno é fundamental para a preservação do solo e a rotação de culturas.

“Quanto menos se planta no inverno, mais se onera o verão. O solo precisa estar protegido e nutrido para garantir boas produtividades”, afirmam técnicos do setor agrícola.

Clima deve colaborar

As projeções meteorológicas indicam uma safra com menos adversidades climáticas do que a de 2024. As chuvas devem ficar próximas da média durante o início do plantio, ainda que com algum atraso por conta da umidade atual. Para o restante do trimestre, a previsão é de menor volume de chuvas e, a partir de setembro, tempo mais seco, o que deve favorecer a colheita.