RIO GRANDE DO SUL

PF bloqueia R$ 24,5 milhões de família investigada por tráfico internacional de drogas em Uruguaiana

Operação Talha Dupla teve como alvo esquema de tráfico comandado por grupo familiar na fronteira Oeste

Por Correio do Povo Publicado em 20/08/2024 13:31 - Atualizado em 20/08/2024 16:07

Um esquema de tráfico internacional de drogas coordenado por uma família na fronteira Oeste foi alvo da Operação Talha Dupla, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal. Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Uruguaiana, Pelotas e na capital de Santa Catarina, Florianópolis. Houve bloqueio de R$ 24,5 milhões em contas bancárias ligadas aos investigados.

Em Uruguaiana, foram apreendidos um revólver, duas pistolas e uma espingarda, o que resultou na prisão em flagrante de um homem por posse ilegal de arma de fogo. Ainda no município, houve o sequestro de um imóvel e outro, foi sequestrado em SC. A ação também resultou no confisco de cinco automóveis.

Foto: PF / CP

A ofensiva decorre de uma apreensão feita em novembro de 2022, quando os agentes localizaram R$ 1 milhão em Jaguarão, no Sul gaúcho. O dinheiro estava dividido em duas malas que eram transportadas por uma mulher de 22 anos, natural de Pelotas. Chamou atenção o fato dela não ter chaves para abrir as bagagens, o que resultou na condução dela à sede da PF no município.

Foi constatado que a jovem tinha função de ser ‘mula’ do tráfico, como são chamadas as pessoas pagas para transportar drogas ou valores para o crime organizado. A investigação ainda apontou que o montante tinha origem em Uruguaiana.

Entenda o esquema de tráfico internacional


De acordo com a PF, Uruguaiana é base de uma família responsável por comandar uma rede internacional de tráfico e distribuição de drogas. Participam do esquema mãe, filho e sobrinho, liderados pelo patriarca do grupo, além de outros comparsas.

Esta é a segunda vez que a família foi alvo da PF. Antes disso, em 2015, houve a Operação Plano Alto, que apreendeu quase 900 quilos de cocaína em duas ações contra o grupo. As drogas eram trazidas da Bolívia em aviões que pousavam na Argentina.

O segundo passo do esquema era internalizar os narcóticos no Rio Grande do Sul e descarregá-los em uma propriedade rural no interior de Alegrete. Ali tinha início a terceira etapa, que consistia no transporte dos ilícitos para São Paulo, através de caminhões fretados. A família seria responsável por organizar toda a logística, incluindo a contratação de pilotos de avião e da frota de carretas.

À época, seis homens foram presos, incluindo pai, filho e sobrinho. A mãe só foi detida em agosto de 2019, em Uruguaiana, após figurar na lista de procurados da Interpol.

Os parentes chegaram a ser condenados a penas de três a 10 anos de prisão, mas todos eles receberam progressão de pena para o regime semiaberto. Ocorre que pai e filho fugiram após o benefício. Atualmente, ambos estão foragidos. Não é descartado que a dupla se esconda em países vizinhos, como Paraguai, Uruguai ou Argentina.

Nesta manhã, um mandado de busca e apreensão foi efetuado na casa onde mora a matriarca da família. O sobrinho não foi alvo da Operação Talha Dupla.

Conforme as forças de segurança de Uruguaiana, a família teria vínculos com uma facção com base no Vale do Sinos, mas que também criou ramificações na fronteira Oeste. O pai, no entanto, seria considerado integrante de alto escalão na hierarquia do grupo criminoso, respondendo ainda para a organização paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).