Atlas de Risco de Inundações revela vulnerabilidades em 43 municípios do RS
Documento atualizado visando embasar políticas públicas e auxiliar na prevenção de desastres relacionados a cheias.
O Rio Grande do Sul agora contata com um diagnóstico técnico abrangente sobre as áreas suscetíveis a inundações, por meio do novo Atlas de Risco a Inundações. Esta atualização do Atlas de Vulnerabilidade a Inundações, publicada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) em 2014, foi criada em resposta ao Plano Nacional de Recursos Hídricos e busca indicar as cidades com maior risco de alagamentos.

O atlas reuniu informações sobre a frequência e os impactos das cheias em áreas urbanizadas ao longo dos rios de cada município, facilitando a priorização de medidas de prevenção e a formulação de políticas públicas eficazes. A titular da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Marjorie Kauffmann, enfatizou que o estudo oferece uma base técnica sólida para qualificar as estratégias de enfrentamento às inundações. “Este trabalho conjunto será decisivo para apoiar os municípios na construção de estratégias mais efetivas diante dos eventos meteorológicos extremos”, afirmou.
Os dados revelam que 346 municípios do estado, cerca de 70% do total, apresentam risco significativo de inundações ou enxurradas. Destes, 43 foram classificados com risco muito alto, 82 com risco alto, 108 com risco médio e 113 com risco baixo. As regiões mais afetadas incluem a Bacia do Guaíba, com rios como Sinos, Caí, Gravataí e Taquari-Antas, além da calha do rio Uruguai, que abrange cidades como Uruguaiana, Itaqui, São Borja e Porto Xavier.
Para classificar o risco municipal, o novo atlas utilizou três abordagens complementares: manchas de inundação geradas por simulações hidrológicas, um método hidrológico que analisa dados de vazões e eventos registrados, e uma análise qualitativa baseada no histórico de desastres do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2Id). A classificação final considera sempre o maior risco identificado, garantindo uma abordagem conservadora para a segurança da população.
O Rio Grande do Sul foi escolhido para iniciar a atualização nacional do atlas após as diversas cheias de 2023 e 2024, que foram consideradas entre os eventos hidrológicos mais graves já apresentados no Brasil. A publicação busca fortalecer e acelerar a implementação de políticas públicas e investimentos voltados à prevenção e redução de riscos e danos provocados por enxarradas e inundações, alinhando-se aos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Plano Rio Grande.

Lançado durante o 26º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, em Vitória (ES), o Atlas de Risco a Inundações do RS foi desenvolvido em parceria entre a ANA, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, a Defesa Civil Estadual e o Serviço Geológico do Brasil (SGB). A expectativa é que o documento sirva como uma ferramenta crucial para a gestão dos recursos hídricos e a proteção das comunidades vulneráveis às inundações no estado.