Saúde

Brasil registra recorde de mortes e menor número de nascimentos em 2021

A pandemia de Covid-19 foi a grande responsável pelos números recordes, afirma a pesquisadora responsável pelo levantamento

Por Agencia Brasil Publicado em 16/02/2023 23:14 - Atualizado em 03/06/2024 11:44

No segundo ano de pandemia de Covid-19, o Brasil registrou a maior taxa de óbitos de toda a série histórica, iniciada em 1974, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram cerca de 1,8 milhão de mortes em 2021, uma alta de 18% em relação ao ano anterior. Em números absolutos, 2021 teve 273 mil mortes a mais do que 2020.

Em contrapartida, o número de nascimentos foi o menor da série histórica, iniciada em 2003. Foram mais de 2,7 milhões de registros de crianças nascidas naquele ano, queda de 1,6% ante 2020 – ou 43 mil nascimentos a menos. Desse total, 2,63 milhões são crianças que nasceram em 2021 e cerca de 70 mil de nascidos antes e registrados apenas em 2021.

Os dados são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do IBGE. De acordo com a gerente da pesquisa, Klívia Brayner, “a pandemia de Covid-19 mexeu muito com a parte demográfica do País”.

“Quando a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a própria projeção do IBGE indica e o número de óbitos, muito acima”, afirma Klívia.

Os óbitos pela pandemia

O IBGE revela que, em 2021, o número de óbitos ficou concentrado, principalmente, no primeiro semestre do ano, época em que poucas pessoas ainda haviam sido vacinadas. Durante aquele ano, foi no mês de março que ocorreu o maior registro de mortes: 202,5 mil, um número 77,8% superior ao registrado em março de 2020, quando a pandemia ainda estava começando.

A tendência de queda no número de mortes passou a ser observada em julho de 2021, mês em que os óbitos ainda estavam próximos dos 150 mil. Em setembro, no entanto, a queda passou a ser mais expressiva e os registros de óbitos daquele mês até dezembro foram sempre menores dos que os observados nos mesmos períodos de 2020.

“A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país”, aponta a gerente do levantamento.

Menos nascimentos em 2021

Em 2021, o número de crianças nascidas caiu pelo terceiro ano consecutivo, segundo o IBGE. Foram pouco mais de 2,7 milhões de registros de nascimento, mas desse total, apenas 2.635.854 são de crianças nascidas naquele ano.

A maior queda percentual nos registros de nascimentos, de 4,9%, foi observada em São Paulo, seguido do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, que tiveram baixas de 4,6% e 4,3%, respectivamente.

Já os Estados que registraram as maiores altas de nascimentos foram Amapá, com avanço de 9,1%, Amazonas, de 6,0%, e Pará, de 5,0%, todos na região Norte do País. Em relação aos meses em que mais nasceram crianças, destaque para março, com 239 mil nascimentos, e maio, com 237,3 mil. Enquanto isso, novembro teve o menor número de registros, cerca de 205,4 mil.

Klívia Brayner considera que a pandemia foi responsável, também, pela queda na taxa de natalidade. “A redução de registos de nascimentos, observada pelo terceiro ano consecutivo, parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país, já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos. Outra hipótese é que a pandemia tenha gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada”, ressalta.

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