HISTÓRIA

Das ruas para TV: a história de Silvio Santos

Dono de uma voz e risada marcantes, a história de Senor Abravanel, se confunde, com a da própria televisão no Brasil.

Por Redação VL Publicado em 17/08/2024 13:09 - Atualizado em 17/08/2024 13:35

Conhecido como o homem do Baú da Felicidade, Silvio Santos nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro, em 1930. Senor Abravanel - seu nome de batismo - era filho de imigrantes judeus e tinha cinco irmãos. Dono de uma voz e risada marcantes, a história dele se confunde, desde os anos 60, com a da própria televisão no Brasil.

Aos 14 anos, começou a trabalhar como camelô, no centro do Rio. Pego por um fiscal da prefeitura, que enxergou talento no vendedor, Abravanel foi levado pela primeira vez para fazer teste numa rádio. Começava aí a carreira do comunicador.

Foto: Lourival Ribeiro/SBT

Televisão

O empresário iniciou sua carreira, nos veículos de comunicação, como locutor na Rádio Nacional de São Paulo na década de 1950, na mesma época em que assumiu a empresa Baú da Felicidade, do amigo Manuel de Nóbrega. Na década seguinte, passou a apresentar programas televisivos na antiga TV Paulista, que foi adquirida posteriormente pela TV Globo. Seus primeiros passos na televisão foram no programa “Vamos brincar de forca”.

Na década de 1960 tem início o programa com seu nome na TV Globo, o Programa Silvio Santos, que inicialmente era exibido apenas para a praça de São Paulo. A atração só passaria a ser transmitida em rede nacional em 1969. O programa tinha oito horas de duração e tornou o apresentador uma das estrelas da TV brasileira.

Em 1975, uniu de vez as carreiras de apresentador e de empresário. O então presidente da República Ernesto Geisel assinou a outorga de um canal de TV no Rio de Janeiro, embrião para a fundação, em 1981, do SBT.

No SBT, apresentou programas que fizeram história na televisão brasileira, como Show de Calouros, Porta da Esperança e Topa Tudo por Dinheiro. Silvio passava várias horas no ar todos os domingos, recebendo pessoas comuns que participavam de gincanas variadas, geralmente em troca de pagamento em dinheiro.

Mesmo a plateia poderia sair com um dinheiro a mais no bolso. Bastava pegar um dos inúmeros aviõezinhos feitos com cédulas e jogados pelo apresentador, uma das suas marcas registradas ao longo de décadas.

Política, homenagem e polêmicas

Em 1989, Silvio Santos tentou concorrer à presidência da República, na primeira eleição direta após a ditadura, mas sua candidatura foi questionada pelos demais partidos e não foi aceita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As eleições acabaram sendo vencidas por Fernando Collor.

Em 2001, viveu um ano conturbado e de extrema exposição pública. Foi homenageado pela escola de samba Tradição, no carnaval carioca e, em agosto, viveu o sequestro da filha Patrícia e, na sequência, o dele próprio, que só terminou com a presença do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em 2010, enfrentou um rombo bilionário nas contas do Banco Panamericano, uma de suas empresas, que acabou tendo o controle vendido para o BTG.

Comunicador de talento e carisma inquestionáveis, Silvio Santos também se envolveu em polêmicas ao longo da carreira, desde o lobby junto aos generais da ditadura para conseguir as concessões dos canais de TV, até declarações discriminatórias nos últimos anos, em seu programa de auditório.

Silvio Santos deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978 e teve as filhas Daniela Patrícia, Rebeca e Renata. Também deixa as filhas Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977, 14 netos e 4 bisnetos.

Não haverá velório - apenas uma cerimônia judaica para família e amigos mais próximos, em um cemitério israelita, a pedido do apresentador.