Agro
Chuva na agricultura: Concórdia pode ter perdas de até R$ 3 milhões
Dados da Epagri apontam que as lavouras mais afetadas foram as de trigo, fumo e cebola
As fortes chuvas do mês de outubro causaram diversos transtornos em todo o setor agropecuário no estado nos últimos dias. Conforme um levantamento preliminar da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), divulgado na semana passada, aponta que as lavouras mais afetadas foram as de trigo, fumo e cebola.
Em Concórdia, segundo informações apuradas com a secretaria municipal da agricultura através da Epagri no município, os prejuízos também são significativos, podendo ultrapassar os R$3 milhões, valores estimados após reunião entre a secretaria rural e a Epagri.
O extensionista da Epagri em Concórdia, Luis Carlos Bergamo, elenca algumas dicas para auxiliar os produtores rurais neste período de instabilidade.
"Na agricultura é manter o solo coberto, evitando a erosão, o plantio de milho ao nível e sem revolvimento do sol. No trigo sem muitas medidas para amenizar, pois está passando do ponto de colheita, apodrecendo os grãos na panícula. Nas olericulturas reduzir o plantio em área descoberta e priorizar o plantio em abrigos. No leite, evitar o pastejo das vacas-leiteiras em áreas encharcadas. E, por fim, limpeza de bueiros e valetas facilitando a drenagem as águas superficiais. ", explica Bergamo.
As perdas continuam sendo apuradas pela secretaria municipal de agricultura e deverão ser divulgadas nos próximos dias.
O mês de outubro acumula até o momento 452 milímetros de chuva, precipitação que supera toda a média prevista para o período, que deveria ser entre 210 a 250, conforme a projeção da defesa civil estadual. Até o final do mês a tendência é de mais instabilidades para os próximos dias, o que poderá ocorrer novos transtornos, principalmente na área da agricultura, matriz econômica fortemente atingida, onde lavouras, culturas e estradas do interior foram fortemente atingidas.
ESTADO
De acordo com o levantamento da Epagri, o meio rural de Santa Catarina registrou 49,2 mil propriedades afetadas pelas chuvas de outubro, com prejuízos que ultrapassam R$ 1,6 bilhão. As maiores perdas foram registradas em lavouras temporárias, com destaque para as culturas de fumo – com estimativa de R$ 429 milhões de prejuízos, e a cebola – com estimativa de R$ 286,4 milhões de perdas.
Até o momento, 162 municípios registraram perdas. As regiões mais afetadas, com os maiores números de estabelecimentos atingidos e maiores valores de perdas foram as regiões do Alto Vale do Itajaí e do Planalto Norte Catarinense.
Esses números são estimativas. O presidente da Epagri, Dirceu Leite, destaca que muitos prejuízos ainda estão sendo apurados, uma vez que os efeitos das chuvas intensas persistem e algumas áreas, como no município de Rio do Oeste, continuam alagadas até o momento. “Além disso, em várias comunidades, o acesso ainda é restrito, dificultando um levantamento mais preciso”, diz ele.
O levantamento também identificou perdas com animais, máquinas e equipamentos, horticultura, estoque, leite, pastagem e pomar. Todos esses dados servirão de base para o Governo de Santa Catarina construir propostas de políticas públicas para recuperar ou amenizar as perdas dos produtores rurais.
Impactos gerais na agricultura catarinense
As chuvas estão causando impactos negativos das mais diversas formas para a agricultura. Um deles diz respeito ao atraso nas épocas de semeadura de culturas de verão. Outro problema está nas lavouras que estão em pleno desenvolvimento, pois há casos em que as plantações ficaram completamente submersas. Outra consequência é o atraso na colheita de culturas de inverno, que podem ter perdas na quantidade e na qualidade dos grãos colhidos.
A falta de luminosidade, característica desses períodos chuvosos, provoca a diminuição do crescimento das plantas. Mas o que mais chama a atenção é a ocorrência da erosão nas lavouras, encostas e estradas em geral, que provoca a abertura de sulcos na superfície e leva consigo parte da cobertura.
O gerente estadual de extensão rural e pesqueira, Hoilson Fogolari, comenta que muitas lavouras catarinenses conseguiram minimizar os efeitos da erosão ao aderir a práticas conservacionistas de produção preconizadas pela Epagri, como é o caso do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) e dos terraços. “Os terraços disciplinam a quantidade e a velocidade da enxurrada de maneira a não causar erosão, promover a sua infiltração ou dirigi-la até áreas específicas para o seu armazenamento e escoamento posterior. Trabalhamos para incentivar cada vez mais essas ações”, aponta Hoilson.