Economia
Com R$ 197 milhões em dívidas, Planalto Transportes pede recuperação judicial
Atualmente, a Planalto atende 98 linhas de viagens e conta com 725 funcionários. Antes da pandemia, eram cerca de 1,2 mil empregados. A empresa tem dívidas que somam R$ 197 milhões.
A Planalto Transportes, tradicional empresa gaúcha de viagens intermunicipais, estaduais e nacionais que opera há 73 anos, entrou com pedido de recuperação judicial nesta semana. Com dívidas na casa dos R$ 197 milhões, a companhia afirma que a medida é uma forma de proteger e readequar o fluxo de caixa da empresa, que foi seriamente afetado com a pandemia de Covid-19. O pedido já consta no sistema do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) sob responsabilidade do juiz Michel Martins Arjona, da 3ª Vara Cível de Santa Maria. A informação foi publicada nesta sexta-feira pelo Jornal do Comércio.
Segundo o advogado responsável pelo processo, João Pedro Scalzilli, não há risco de decretação de falência. Porém, com as restrições de circulação de pessoas para frear a disseminação do coronavírus, a decisão de entrar com o pedido teve de ser tomada para haver negociação com os cerca de 1.400 credores da Planalto, que são, em maioria, bancos e fornecedores. Dívidas trabalhistas chegam perto de R$ 10 milhões, segundo Scalzilli.
Atualmente, a Planalto atende 98 linhas de viagens e conta com 725 funcionários. Antes da pandemia, eram cerca de 1,2 mil empregados. O advogado afirma que as linhas estão operando normalmente, apesar do limite de 75% de ocupação nos veículos, e não há cortes ou atrasos de salários. “Qualquer empresa opera com um número de passivo. A companhia está fazendo receita, gerando resultados, mas teve um tombo de 50% no faturamento e não sobram recursos para pagar”, esclarece.
Scalzilli reforça que pedidos de recuperação judicial para adequações de fluxo de caixa são comuns no meio empresarial. “O que se quer é uma oportunidade de apresentar o plano e o endividamento reestruturado para ficar condizente com a realidade atual da empresa”, relata.
Em nota divulgada pela Planalto, a empresa afirma que “nem mesmo a implantação de diversas ações de redução de custos e despesas foram suficientes para enfrentar a queda da receita e aumento de custos, como os combustíveis, que tiveram reajustes superiores a 40%.”
A expectativa é ter o pedido deferido pelo juiz na próxima semana. Assim, a Planalto terá 60 dias para apresentar o plano e marcar uma assembleia geral de credores, que aprovarão ou não o documento. O advogado afirma que já está no horizonte da companhia o que deve ser apresentado, mas não deu mais detalhes. “Esses dois meses são importantes para entender os efeitos da vacina e observar a economia”, finaliza Scalzilli.