NOVO ESTUDO

Demência: condição pode estar relacionada a 14 hábitos de vida comuns, mostra estudo

Apesar de ser uma condição crônica, progressiva e que não tem cura, um novo estudo aponta que novos casos poderiam ser evitados se a população conseguisse eliminar um grupo de 14 fatores de risco.

Por O Sul Publicado em 23/09/2024 14:29 - Atualizado em 23/09/2024 14:37

Mais de 50 milhões de pessoas no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), vivem com demência, termo geral que engloba várias doenças neurodegenerativas que ocasionam a perda gradual de funções cerebrais. Apesar de ser uma condição crônica, progressiva e que não tem cura, um novo estudo aponta que novos casos poderiam ser evitados se a população conseguisse eliminar um grupo de 14 fatores de risco.

O novo estudo, publicado na revista médica The Lancet, avaliou o peso que fatores como déficit educacional, perda auditiva e isolamento social têm na enfermidade, além de incluir novos fatores como o colesterol alto e a perda visual, apontando o quão associada a demência está com outros problemas médicos ou comportamentos nocivos adotados pela população em diferentes fases da vida.

A neuropsicóloga, diretora e responsável técnica do Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento, Suzana Lyra, reforça que apesar da demência englobar uma série de problemas distintos, que envolvem inclusive fatores genéticos, estudos apontam que cerca de 45% dos casos de demência poderiam ser prevenidos.

“Questões comportamentais como tabagismo, sedentarismo, álcool em excesso, além de fatores como obesidade, diabetes, depressão e até a exposição à poluição, elevam o risco de problemas cognitivos e neurológicos”.

Os 14 fatores que aumentam o risco da doença ao longo da vida, segundo o novo estudo, liderado pela psiquiatra Gill Livingston, do University College de Londres, são perda de visão; poluição do ar; isolamento social; álcool em excesso; obesidade; hipertensão; tabagismo; diabetes; sedentarismo; trauma cerebral; depressão; colesterol alto; perda de audição; educação deficitária.

Apesar de as demências terem uma prevalência maior tipicamente em países ricos com proporção maior de idosos, a enfermidade não passa despercebida no Brasil, onde os dados mais recentes apontam para, ao menos, 1,76 milhão de pessoas com mais de 60 anos com alguma demência, a estimativa de crescimento, alcançando a marca de 5,5 milhões, em 2050.

Além dos fatores de risco, o novo estudo lista ainda as medidas de políticas públicas que devem ser adotadas para reduzir a prevalência de demências na população, que vão desde o combate ao alcoolismo e ao tabagismo, passando por programas de estímulo a atividades físicas e intelectuais, e culminando com um apelo para melhora da educação básica, que o estudo aponta como o fator que pesa durante a vida toda na probabilidade de problemas cognitivos.

“Mudanças de comportamento, sobretudo na vida adulta, não são fáceis, mas são importantes na prevenção de diferentes patologias, além do ganho em longevidade com qualidade. Adote com premissa que atitudes que fazem bem para o coração, para o corpo, também serão benéficas para a mente, e vice-versa”, acrescentou Suzana Lyra.

Diagnóstico


Em caso de suspeita de problemas de memória, o recomendado é procurar um especialista capacitado para a realização de uma avaliação neurocognitiva, ou neuropsicológica.

“A avaliação neuropsicológica investiga tanto a estrutura cerebral, como também as condições psicológicas do paciente, sendo possível assim um diagnóstico preciso de demências, bem como outros transtornos. Ela ajuda a identificar comportamentos, habilidades e dificuldades, fornecendo um panorama completo para tratamento eficaz.”, pontuou.

Segundo a especialista, a avaliação neuropsicológica é um exame detalhado que revela como o cérebro está funcionando e quais são as dificuldades específicas. São avaliadas as memórias, as atenções, as funções executivas e construtivas, coordenação motora, equilíbrio estático e dinâmico, além do tônus muscular.

“É a partir dessa avaliação que são mensuradas as respostas do paciente, averiguando se tais dados e quantitativos são compatíveis com a patologia a ser pesquisada. Com o diagnóstico correto, é possível criar um plano de tratamento personalizado e eficaz, permitindo intervenções direcionadas, com olhar humanizado, pensando na qualidade de vida do paciente e também na família”, concluiu.