Cidade
Detentos auxiliam na limpeza de escolas afetadas pela enchente no Vale do Taquari
Parceria entre instituições do governo do Estado alia solidariedade e ressocialização.
Em municípios afetados pela enchente no Vale do Taquari, pessoas privadas de liberdade têm atuado na limpeza de escolas a partir de uma força-tarefa iniciada pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) no dia 6 de setembro. Até o momento, cerca de 140 apenados de unidades prisionais de Venâncio Aires, Charqueadas, Montenegro, Bento Gonçalves, Guaporé, Encantado, Arroio do Meio e Lajeado já foram mobilizados para auxiliar a população.
A iniciativa é marcada pela cooperação entre a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), por meio da Susepe, e a Secretaria da Educação (Seduc). Em reunião realizada no sábado (9/9), na sede da 3ª Coordenadoria Regional de Educação, em Estrela, as instituições alinharam o planejamento dos próximos dias para utilização de mão de obra prisional na limpeza e restauração das escolas estaduais.
O encontro contou com a participação do secretário-adjunto da SSPS, Cesar Kurtz, do superintendente da Susepe, Mateus Schwartz, da secretária da Educação em exercício, Stefanie Eskereski, e da delegada penitenciária da 8ª Região, Samantha Longo, que é a coordenadora da ação de reestruturação das escolas.
Para Kurtz, a articulação entre as secretarias é um meio importante de viabilizar uma pronta resposta à sociedade, demonstrando que o poder público está atuando. Também representa uma forma de ampliar a utilização da mão de obra prisional, para que seja possível retomar a normalidade e proporcionar a volta às aulas.
A Seduc indicou uma lista com as escolas prioritárias e forneceu os materiais de limpeza necessários para que os apenados pudessem desempenhar os serviços nos espaços. Sete unidades estão sendo atendidas inicialmente: em Lajeado, o Colégio Estadual Presidente Castelo Branco e a Escola de Ensino Fundamental Fernandes Vieira; em Roca Sales, a Escola de Educação Básica Padre Fernando; em Muçum, a Escola de Ensino Médio General Souza Doca; em Encantado, a Escola de Ensino Fundamental Antônio de Conto; em Venâncio Aires, a Escola de Ensino Médio de Mariante; e em Estrela, a Escola de Ensino Fundamental Moinhos.
“Essa parceria é fundamental para que possamos focar nas ações de retomada das atividades pedagógicas e oferecer apoio socioemocional aos nossos profissionais e estudantes”, destacou Eskereski.
Instituições municipais também receberam o apoio do trabalho de pessoas privadas de liberdade. Em Encantado, os apenados realizaram a limpeza da Escola de Educação Infantil Lago Azul, da Escola de Educação Infantil Pequeno Príncipe e da Escola de Ensino Fundamental Érico Veríssimo.
Em um segundo momento, com o objetivo de retomar a rotina escolar no menor prazo possível, será avaliado o uso de mão de obra prisional para restaurações de pequena e média complexidade nos estabelecimentos. Os apenados também prestam serviços de limpeza e remoção de entulho de vias públicas, postos de saúde, instituições sociais e sedes das forças de segurança dos municípios. Além disso, auxiliam nos centros de distribuição da Defesa Civil, conforme demanda indicada pelos coordenadores locais.
O titular da SSPS, Luiz Henrique Viana, destacou a relevância do auxílio dos apenados na limpeza das cidades do Vale do Taquari. “Diante de uma tragédia como esta, a solidariedade é capaz de trazer esperança. É importante perceber que esse movimento de ajuda passa pelas mãos daqueles que ninguém quer olhar – as pessoas privadas de liberdade, com as quais trabalhamos para que cumpram suas penas com dignidade e para que possam ser ressocializadas”, disse Viana. “Sinto muito orgulho ao ver essas ações acontecendo. São esses momentos que dão sentido ao trabalho que desenvolvemos na secretaria.”
Os presos que atuam nessa força-tarefa são provenientes de unidades prisionais dos regimes fechado e semiaberto, que já desempenhavam algum tipo de atividade laboral nos estabelecimentos. Eles possuem autorização judicial para trabalhar, que é sempre solicitada pela Susepe, e são supervisionados por agentes penitenciários durante a jornada. As demandas de limpeza em cada escola são avaliadas diariamente e ocorrem de acordo com a disponibilidade de apenados e servidores, que também se voluntariaram para auxiliar as cidades atingidas.