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Dia do Apicultor: profissionalização é fundamental para a atividade

Embora considerada uma atividade complementar na maioria das propriedades rurais, a apicultura exige capacitação técnica dos produtores, visando tornar a atividade mais eficiente.

Por Assessoria/Emater Publicado em 19/05/2022 17:25 - Atualizado em 03/06/2024 11:14

No próximo domingo (22) é comemorado o Dia do Apicultor. A data faz referência a Santa Rita de Cássia, conhecida como a padroeira dos apicultores. A apicultura é uma atividade viável às pequenas propriedades rurais, contribui significativamente para a polinização de culturas agrícolas como frutas, verduras e grãos, possibilita a diversificação de renda das famílias, além de auxiliar na preservação do meio ambiente. Embora considerada uma atividade complementar na maioria das propriedades rurais, a apicultura exige capacitação técnica dos produtores, visando tornar a atividade mais eficiente.

O extensionista rural e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Vivairo Zago, destaca que nas propriedades rurais assistidas pela Instituição na região administrativa de Soledade a apicultura é realizada, em sua maioria, em propriedades familiares, sendo a apicultura complementar a outras atividades como a bovinocultura de leite e produção de fumo, por exemplo.

O extensionista frisa que a capacitação técnica dos produtores é fundamental para obter melhores resultados. “A apicultura vem muito bem como uma atividade geradora de renda nas propriedades familiares, mas os produtores precisam se capacitar, fazer cursos, aprender e melhorar questões como produtividade, através do monitoramento e manejo das colmeias durante todo o ano. Além disso, a estrutura para a produção de mel é importante: equipamentos apícolas, local para extração de mel, acesso e transporte até os apiários. Embora não seja a primeira atividade produtiva em muitas propriedades, se ela for tratada como uma atividade profissional terá melhores indicadores”, comenta.

A Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), promove cursos e dias de campo voltados para apicultores e agricultores que possuem interesse em investir na atividade. “A Emater tem um trabalho expressivo com apicultores em vários municípios que consiste na assistência técnica e na capacitação desses produtores, por meio da realização de cursos e reuniões técnicas voltadas a toda a cadeia produtiva da apicultura, da produção à comercialização”, destaca Zago.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Soledade estima-se que a atividade seja desenvolvida por 1.100 apicultores, com produção estimada em 2022 em 180 toneladas. “Considerando que esse ano a safra de outono não foi tão expressiva em relação ao ano passado. Essa redução tem haver com o cenário climático dos meses de março, abril e maio, os quais se caracterizaram por períodos prolongados de tempo úmido chuvoso, associado à temperatura amena, culminando com o surgimento do frio no início de maio”, explica Zago.

No Vale do Rio Pardo os municípios com número maior de apicultores e produtores mais estruturados são Santa Cruz do Sul, Encruzilhada do Sul, Vera Cruz e Venâncio Aires. “Inclusive em Santa Cruz temos a cooperativa Copromel, que envolve vários municípios do entorno, adquirindo o mel de produtores associados e não associados”. A organização de apicultores familiares em Associações e Cooperativas fortalece a categoria em todos os aspectos, como no acesso a políticas públicas, manutenção e ampliação da atividade, comercialização, entre outros fatores importantes. Já no Alto da Serra do Botucaraí, Barros Cassal tem se destacado. “Esse município tem um número expressivo de produtores que entraram na apicultura e querem tornar a atividade rentável”, observa.

Em algumas regiões ou municípios onde as culturas anuais predominam e ainda há utilização de agroquímicos de forma desordenada a apicultura é um grande desafio, pois alguns princípios ativos de inseticidas utilizados no manejo de pragas afetam os enxames, muitas vezes causando a morte. “Por outro lado percebe-se um avanço nessa questão, com redução de casos, mas sempre ocorre”, comenta.

Zago observa que um aspecto importante quanto a comercialização é o fato do mel ser pouco consumido pelos brasileiros, sendo a média de 60 gramas por habitante. “Precisamos trabalhar estratégias para elevar o consumo interno de mel, considerando que o mel é um alimento e não somente remédio, como entendido por boa parte da sociedade”. Uma alternativa citada pelo extensionista é a inserção do produto no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

A exportação de mel é importante para estabilização dos preços e da demanda, no entanto a exportação não tem uma regularidade. “Esse cenário causa instabilidade da comercialização do produto. Agora estamos vivendo um momento de exportações em baixa. Enfim, no quesito comercialização o desafio é vender o mel produzido com valor viável”.

Devido às suas características, a maioria das propriedades familiares possui perfil para desenvolver a apicultura, já que dispõem de áreas de reserva, Área de Preservação Permanente (APP), pastagens, florestas plantadas, frutíferas, hortaliças e culturas anuais. Essas áreas possuem inúmeras espécies melíferas que contribuem para alimentar as abelhas e produzir mel. “Eu acredito muito na apicultura em nossa região e em todo o Rio Grande do Sul. Temos muito potencial para crescer na apicultura gaúcha. Logicamente há regiões com mais potencial ou aptidão, principalmente as que mantêm mais preservados os recursos naturais”.

Estiagem afetou a produção gaúcha

A estiagem que provocou quebra de safra em diversos tipos de culturas, também prejudicou a produção de mel no Rio Grande do Sul em comparação com o ano passado. Inicialmente se trabalhou com a expectativa de uma safra semelhante a de 2021, mas está se observando que houve redução, em alguns casos chegando à 50%. “De formal geral, toda vez que se tem falta de chuvas, a tendência é que o volume e a qualidade do mel produzido aumentem. Porém, temos um estado muito grande, de regiões que foram muito prejudicadas pela estiagem e por isso alguns enxames perderam produtividade”, avalia o extensionista rural João Alfredo Sampaio.

Segundo Sampaio, o que está se observando é que a estiagem chegou ao ponto de prejudicar a produção de néctar e desta forma houve redução na produção de mel. A expectativa que se tinha no dia 11 de abril não se confirmou. A Federação de Apicultura do Rio Grande do Sul (Fargs), em contato com as associações de apicultores, realizou um levantamento nas duas primeiras semanas de maio e está trabalhando com uma redução de até 50% de produção em relação ao ano passado. Os dados de produção de mel para 2021 ainda estão sendo computados pelo IBGE. Em 2020, o Rio Grande do Sul produziu 7.467 toneladas métricas de mel.

Sampaio cita como principais entraves da apicultura no Rio Grande do Sul a necessidade de uniformizar a tecnologia de produção, em um cenário composto por 60% de pequenos produtores; fortalecer associações; elaborar legislação específica para o setor; verificar o uso de agrotóxicos; e reverter o quadro de eliminação das plantas nativas.

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