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Dia nacional da parteira tradicional: mãos que trazem nova vida

Dia 20 de janeiro marca a importância de uma das profissões mais antigas do mundo.

Por Vania Maria Barboza/URI Publicado em 19/01/2023 12:00 - Atualizado em 03/06/2024 11:34

No dia 20 de janeiro é comemorado o “Dia nacional da parteira tradicional”, data que marca a importância de uma das profissões mais antigas do mundo. Embora no Brasil desde 1832 houvesse a exigência de diploma para partejar, inúmeras parteiras contavam apenas com os seus saberes e experiência para a assistência ao parto e ao recém-nascido.

As parteiras atendiam as gestantes e parturientes que geralmente residiam em locais de difícil acesso ou distante de um hospital. Paiol Grande, atual Erechim, contou com a experiência e dedicação da Sra. Elisa Dal Vesco Vacchi, a primeira parteira da cidade. Conforme relatado por seu neto Rubens Franco, ao jornal “A Voz da Serra”, em 2000, D. Elisa era uma mulher de coração bondoso que atendia todas as gestantes que a chamassem sem visar lucro, uma vez que só a pagava quem podia.

Em minha família a experiência do chamado em busca da parteira acontecia muitas vezes durante a madrugada. D. Maruza, minha mãe, aprendeu a partejar acompanhando Nona Chappuis, em Marcelino Ramos, uma parteira de grande experiência que realizou partos até idade avançada, inclusive o de minha mãe, durante meu nascimento. Em razão da idade avançada, Nona Chappuis, não conseguia aplicar injeções nas parturientes e minha mãe a acompanhava para esta ajuda e aprendeu a fazer os partos. Como não era parteira certificada, D. Maruza possuía apenas a autorização do médico da cidade para partejar.

Nesse tempo, as pessoas que não possuíam carteira de trabalho assinada não recebiam os benefícios da previdência social, ou seja, a gratuidade nos serviços de saúde era apenas para os contribuintes. Desta forma, muitos dos que buscavam a parteira eram pessoas em extrema vulnerabilidade, uma vez que contavam com a sua solidariedade e, em reconhecimento, era agraciada com inúmeros afilhados.

O Grupo de Pesquisa Patrimônio Histórico Material e Imaterial em Saúde - PAHMIS - URI Erechim vem desenvolvendo pesquisas com o tema “parteiras”, que fazem parte da obra “Primeiras notas: história da saúde no Alto Uruguai Riograndense”, lançado na Feira do Livro de Erechim, bem como foi organizador da Roda de Conversa e uma Exposição Virtual intitulada "A história da saúde no universo e no metaverso" que também abordou o tema durante a Frinape 2022.

Às parteiras do passado e àquelas que ainda atuam em regiões mais distantes de nosso imenso país, que com seu dom, conhecimentos, dedicação, acolhimento e cuidado assistiram/assistem inúmeras parturientes, o nosso reconhecimento e gratidão.

Vania Maria Barboza / Mestra em Educação, Membro do grupo PAHMIS-URI e Secretária do Curso de Medicina da URI Erechim

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