AGRICULTURA
Emater/RS-Ascar impulsiona conhecimento e cultivo de plantas bioativas entre agricultores
As Plantas Bioativas são utilizadas tanto na medicina popular quanto na produção de fitoterápicos, ganhando espaço nas hortas domésticas e em propriedades rurais, onde se mostram como uma promissora fonte de renda e diversificação produtiva.
O interesse por métodos alternativos para a saúde tem crescido de forma significativa, estimulado pela preocupação com a qualidade de vida e a sustentabilidade, inclusive em função das mudanças climáticas. As Plantas Bioativas são utilizadas tanto na medicina popular quanto na produção de fitoterápicos, ganhando espaço nas hortas domésticas e em propriedades rurais, onde se mostram como uma promissora fonte de renda e diversificação produtiva.
No Rio Grande do Sul, as ervas medicinais já fazem parte da rotina da população. O exemplo mais conhecido é a Macela (Achyrocline satureioides), conhecida também como camomila nacional ou marcela-do-campo, que contém compostos bioativos, como antioxidantes anti-inflamatórios e antiespasmódicos. Eles ajudam a aliviar a ansiedade, o estresse e promovem o bem-estar geral.
“As espécies mais procuradas pelos agricultores são as que têm uso tradicional consolidado, como Melissa, Espinheira-Santa, Boldo, Sálvia, Quebra-pedra, Capim-Cidreira, entre outras”, comenta o extensionista rural Gervásio Paulus, coordenador estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) em Plantas Bioativas da Emater/RS-Ascar.

O plantio de bioativas traz autonomia ao produtor, rendimento econômico e bem-estar, pelos enfoques pedagógico, ecológico, antropológico e terapêutico. Entretanto, por serem cultivadas muitas vezes de forma artesanal, há desafios, como a reduzida disponibilidade de sementes e mudas e a falta de equipamentos adequados para o processamento, em especial quando se destinam a animais de grande porte.
A Emater/RS-Ascar oferece qualificação profissional através do Centro de Treinamento de Nova Petrópolis (Cetanp), que completou 30 anos no último dia 17. O curso teórico-prático “Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares” proporciona aulas práticas em um Horto Didático, para a identificação de 110 plantas. Durante a capacitação, são repassadas orientações sobre produção de tinturas, xaropes, pomadas, sprays, vinagres, óleos medicinais e sabonetes, além de dado enfoque para a utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs).
O curso já formou mais de três mil pessoas desde 1999, em 216 turmas, se tornando referência na área. Com periodicidade mensal, estão previstas capacitações até novembro, sendo que a próxima edição será entre os dias 09 a 13 de junho, com inscrições já esgotadas.
MEDICINA DA NATUREZA
As plantas bioativas são encontradas em três tipos de medicina alternativa: fitoterapia, floral e homeopatia. A fitoterapia baseia-se nas propriedades medicinais das plantas, utilizando extratos, chás e cápsulas, semelhante à floral, que utiliza extratos e essências de flores para atuar no equilíbrio emocional, enquanto a homeopatia trabalha com princípios de diluição e estímulo da autocura, muitas vezes a partir de compostos vegetais. Os remédios homeopáticos funcionam em animais e vegetais, como a calêndula, que trata feridas, queimaduras, cansaço e tem princípios cicatrizantes.
“O tratamento homeopático busca restaurar o equilíbrio dos seres vivos e estimula o sistema imunológico ao utilizar doses mínimas”, destaca a extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Celita Peterson, ao explicar que “o restabelecimento da saúde inicia com a estabilidade da energia vital, que reage aos sintomas e fortalece as defesas naturais”.
O tema das Bioativas gerou a realização dos Fóruns pela Vida, que têm sido realizados em todas as regiões do Estado. Neste ano, é foco do IX Seminário Regional de Plantas Bioativas e da Jornada Sul Brasileira de Pesquisa em Plantas Bioativas e Homeopatia, promovidos pela Emater/RS-Ascar. As pesquisas apresentadas nesses eventos abordam a bioatividade das plantas medicinais e da homeopatia, entre outros tópicos. O evento vai ocorrer de forma híbrida nos dias 11 a 13 de junho, em Passo Fundo. As inscrições para participar seguem abertas até o dia 20 de maio, no link https://www.even3.com.br/bioat...
O valor das plantas na saúde em geral é reforçado ao integrar saberes tradicionais e conhecimentos técnicos. “Essas espécies ganham espaço não só em hortas, vasos e quintais, mas também nas políticas públicas e nas ações de Extensão Rural e Social”, observa Celita.
A promoção do uso consciente das bioativas contribui para a valorização da biodiversidade local, o fortalecimento da agricultura familiar e a ampliação do acesso a práticas terapêuticas complementares, que respeitam a natureza.