Especialista projeta desafios e caminhos para o Brasil em palestra da ACCIE Jovem sobre economia

Evento no Blue Open reúne jovens empreendedores e debate impactos da alta de juros, inflação e incertezas políticas

Por Redação VL Publicado em 11/07/2025 15:07 - Atualizado em 11/07/2025 15:14

A ACCIE Jovem promoveu, na noite desta quarta-feira (10), um encontro voltado ao debate econômico e à troca de experiências entre empreendedores. O convidado foi o especialista em finanças e investimentos Tulio Lichtenstein, que conduziu um bate-papo interativo com os cerca de 70 participantes na Sala Celeste do Blue Open Hotel.

A abertura do evento foi conduzida pelo presidente da ACCIE Jovem, Gabriel Gaeski Mársico, que destacou a missão da entidade de fomentar o empreendedorismo, criar ambientes de crescimento coletivo e fortalecer a atuação dos jovens empresários da região. “A ACCIE Jovem existe para que possamos aprender, trocar ideias e fortalecer a nossa cidade como um polo empresarial cada vez mais inovador”, pontuou.

A mediação do bate-papo ficou a cargo do vice-presidente Rodrigo Badalotti Felipetto e da integrante da diretoria Giulia Cantele Coimbra.

CENÁRIO DE JUROS, INFLAÇÃO E INSTABILIDADE

Durante quase duas horas, Lichtenstein compartilhou dados, análises e gráficos sobre a atual conjuntura econômica do Brasil, com comparativos com outros países. Um dos principais alertas foi sobre a taxa básica de juros (Selic), que alcançou 15% em junho de 2025 — a segunda maior entre as principais economias do mundo, atrás apenas da Turquia. “Não há perspectiva de cortes significativos nos próximos 12 meses. Precisamos nos acostumar a conviver com juros de dois dígitos, o que impacta diretamente na vida de quem empreende, financia, investe e consome”, disse.

A inflação acumulada dos últimos 12 meses está em 5,5%, acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. Lichtenstein apresentou também um levantamento preocupante: o número de empresas em recuperação judicial subiu em 2025, reflexo da alta nos custos de crédito e da instabilidade econômica. Outro dado que chamou a atenção foi a desvalorização do real: segundo ele, uma nota de R$ 100, em 1994, hoje equivale a apenas R$ 12,55 em poder de compra.

EXPORTAÇÕES, TAXAÇÕES E COMPARATIVO COM A ARGENTINA

Lichtenstein também abordou os impactos da nova taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros — medida que atinge setores estratégicos como aço, celulose, frutas e petróleo. “O Brasil exporta cerca de R$ 40 bilhões por ano aos Estados Unidos. Qualquer retração nesse fluxo gera um efeito dominó que prejudica toda a economia interna”, alertou.

O especialista comparou ainda o desempenho do Brasil com a Argentina. Em 2023, o país vizinho operava com uma taxa de juros de 133%. Com a mudança de governo e uma nova política econômica, esse índice foi reduzido para 29% em 2025. “A diferença está na postura: reduzir tributos, valorizar o mercado interno e incentivar o empreendedorismo”, avaliou.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA E INVESTIMENTOS

O bate-papo também abordou questões como educação financeira, planejamento empresarial, renda fixa e variada, investimentos em dólar e criptomoedas. “O Brasil tem uma das maiores taxas de inadimplência da pessoa física por falta de conhecimento básico em finanças. Precisamos inserir esse tema nas escolas e nas empresas”, defendeu.

Segundo ele, a renda fixa segue sendo a opção mais segura para quem busca retorno estável em um cenário de juros altos. No entanto, alertou que a diversificação de carteira, com atenção à volatilidade e aos riscos, é essencial para uma estratégia de longo prazo. O especialista também destacou o setor agropecuário, citando desafios de financiamento e gestão no atual cenário.

PARTICIPAÇÃO ATIVA E AMBIENTE DE NETWORKING

O evento foi marcado pela participação ativa dos presentes, que contribuíram com perguntas sobre crédito, exportações, investimentos no exterior, criptomoedas, impactos do IOF e perspectivas políticas para as eleições de 2026. “Hoje, a falta de previsibilidade torna difícil qualquer planejamento. Nosso papel, como empresários, é buscar informação e pensar estrategicamente, mesmo em meio à instabilidade”, pontuou Rodrigo Felipetto.

Giulia Coimbra reforçou o papel da ACCIE Jovem em promover esse tipo de espaço. “Muitas vezes estamos tão imersos nos nossos negócios que deixamos de olhar para o cenário macroeconômico. Essa troca é fundamental para crescermos juntos e fortalecermos nossa comunidade empreendedora”, comentou.

EXPRESS: ATUAÇÃO REGIONAL E NOVOS DESAFIOS

Além de compartilhar sua visão econômica, Tulio também apresentou as frentes de atuação da Express, empresa da qual é diretor. Segundo ele, a organização já fomentou mais de R$ 130 milhões em crédito na região, atua no mercado de câmbio e seguros, e agora se expande como escritório de investimentos vinculado ao Banco Safra. “Nosso propósito é dar suporte ao empresário, agilizar decisões financeiras e permitir que ele foque no crescimento do seu negócio”, explicou.
Ao final do evento, os participantes seguiram para um momento de confraternização e networking, reafirmando o compromisso da ACCIE Jovem com o fortalecimento do ecossistema empresarial local. O encontro contou com o apoio do Blue Open Hotel e da Express S/A.