Cidade
Estiagem: Aratiba já registra perdas de mais de R$ 60 milhões
Município acaba de decretar Situação de Emergência
Município acaba de decretar Situação de Emergência. Prefeitura trabalha sem parar para abastecer propriedades do interior, tanto com água para consumo humano, quanto animal
"Situação preocupante e assustadora". Com estas palavras, o secretário de Agricultura de Aratiba, Joarez Miechuanski, define o momento da estiagem no município. Levantamento técnico em parceria com a Emater já aponta perdas superiores a R$ 60 milhões na agricultura.
Tal impacto levou o prefeito, Gilberto Luiz Hendges, a assinar na manhã desta terça-feira, 28 de dezembro, decreto de Situação de Emergência no município. A falta de chuvas impacta todos os setores agrícolas e também o abastecimento de água para famílias do interior.
Miechuanski destaca que nos últimos dias a demanda de água, tanto para consumo humano, quanto animal, tem aumentado. “Passamos o final de semana de Natal, inclusive, atendendo os produtores”, frisa.
De acordo com ele, são transportadas em média 160 mil litros de água por dia para consumo animal e outros cerca de 65 mil litros para atender a demanda de consumo humano.
Nas lavouras, as maiores perdas estão no setor de milho grão com cerca de R$ 25 milhões (70%), milho silagem com mais de R$ 19 milhões (60%), soja com mais de R$ 4,9 milhões (30%), bovinocultura de leite com cerca de R$ 3,6 milhões (50%) e citricultura com R$ 3,1 milhões (40%) em prejuízos.
Setores como gado de corte e olericultura, com 60% cada, também registram perdas significativas. As autoridades aguardam ainda para calcular os impactos também na safrinha de feijão.
Joarez Miechuanski explica que a prefeitura tem colocado as máquinas das secretarias de Agricultura e Obras a disposição dos produtores para tentar amenizar os impactos da estiagem.
“São fontes, rios e açudes que estão secando. Nós estamos trabalhando com drenagem de fontes e até mesmo atuando em poços artesianos para garantir maior vazão. Nossa prioridade é voltada a este setor que está sendo atingido de maneira extrema”, destaca.
Além das lavouras de grãos, a bovinocultura de leite e corte também está sendo impactada de maneira significativa. Suínos e aves, onde os produtores possuem acesso a água de poços artesianos, as demandas são menores.
São mais de 30 famílias que também recebem água para consumo humano. “A tendência é que a crise se agrave mais a cada dia sem chuva. Nós já estamos enfrentando um longo período sem chuvas significativas para recuperação de água e isso implica na volta das precipitações em grande volume para a situação ser amenizada”, completa o secretário.
RELATÓRIO
De acordo com o laudo técnico emitido pela prefeitura em parceria com a Emater, o potencial de dano futuro é alto, em caso de permanência do déficit hídrico. Aproximadamente 980 famílias rurais, de 39 localidades, sofrem algum tipo de perdas em função da estiagem, inclusive, com a falta de água para o consumo humano e animal.
A redução da oferta e da qualidade das pastagens fez a produção de leite cair drasticamente. O milho destinado a silagem teve desenvolvimento reduzido e dificuldade no espigamento, ocasionando significativas perdas em quantidade e qualidade o que acarretou na falta de alimento aos animais. As pastagens anuais tiveram seu desenvolvimento prejudicado e não sendo possível o replantio em função da falta de umidade no solo.
Na bovinocultura de corte, o laudo aponta ainda que o potencial de prejuízo futuro é elevado em função do início do ciclo reprodutivo, que em razão do déficit nutricional do rebanho, irá diminuir a taxa de prenhes e consequente o número de animais nascidos no próximo ano.
As lavouras de milho estão entre as mais atingidas, sendo que diversas foram impactadas na fase de floração, polinização e enchimento de grão sendo a fase mais crítica para a cultura. O plantio da safrinha também está comprometido devido a falta de umidade para o plantio.
No soja, houve atraso no plantio devido ao déficit hídrico e áreas plantadas tem a ocorrência severa em morte de plantas comprometendo significativamente a produtividade.
Na citricultura, além da queda dos frutos, morte de plantas a estiagem provocou a redução no calibre e por consequência a redução de peso dos mesmos, ocasionando a diminuição da produção.