Estudo aponta impactos econômicos da gripe aviária na avicultura gaúcha

Nota técnica do governo estadual destaca prejuízos com suspensão de exportações e risco à imagem do setor no mercado internacional

Por Acácio Mentz/ Au Publicado em 24/06/2025 21:21 - Atualizado em 24/06/2025 22:40

Um estudo elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Rio Grande do Sul avalia os efeitos econômicos provocados pelo recente foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) registrado em uma granja comercial em Montenegro, no Vale do Caí.

Arquivo Agência Brasil

Além da suspensão de contratos de exportação e retenção de embarques de carne de frango e seus derivados — medidas impostas por importadores desde meados de maio — o setor avícola gaúcho pode enfrentar outras consequências importantes, como alta nos custos logísticos, riscos operacionais para frigoríficos e granjas, além da queda nos preços do produto no mercado interno.

Os primeiros sinais desse impacto já foram registrados: segundo o levantamento, o preço do frango congelado caiu 5,3% entre os dias 27 e 28 de maio, a maior variação diária do ano. Nas semanas seguintes, o valor do quilo do frango congelado recuou de R$ 8,65 para R$ 7,38.

A nota técnica alerta ainda para prejuízos causados pela interrupção da atividade produtiva, como o abate sanitário de 61 mil frangos saudáveis em outra granja próxima ao foco, impedida de movimentar ou comercializar os animais. O estudo também destaca que municípios com forte dependência da avicultura podem sofrer queda de receita e redução no nível de emprego.

Foto: Ascom Seapi

Outro ponto de atenção é a imagem sanitária do setor avícola nacional, fator decisivo para manter a confiança dos mercados internacionais. Segundo o estudo, mesmo estados não afetados diretamente pelo foco, como Paraná e Santa Catarina, podem sentir reflexos negativos.

A expectativa é que, mesmo após o fim do vazio sanitário, a recuperação do mercado externo demore a ocorrer, exigindo negociações diplomáticas específicas e de longo prazo. Os pesquisadores ressaltam a importância de uma ação coordenada entre setor público, privado e representações internacionais para reverter os danos e preservar a competitividade do setor.