Saúde

Estudo aponta que 40% dos municípios têm falta de geladeiras para armazenar vacinas

Levantamento com gestores confirmou potencial de vacinação em massa, mas mostrou problemas na infraestrutura dos postos.

Por Rádio Guaíba Publicado em 21/04/2021 21:39 - Atualizado em 03/06/2024 09:52

A falta de geladeiras adequadas para armazenamento de vacinas contra Covid-19 em postos de imunização atinge 40% por cento dos municípios brasileiros mais de três meses depois do início da campanha. A informação é de estudo do Instituto Locomotiva, em parceria com o Movimento Unidos pela Vacina, que entrevistou gestores municipais da saúde de 5.569 das 5.570 cidades do Brasil entre os dias 22 de fevereiro e 12 de abril.

Deste grupo de cidades com problemas de infraestrutura, 22% têm metade ou até menos das unidades de saúde sem geladeiras para armazenamento. Com a previsão de chegada de novas vacinas já a partir deste mês, como as da Pfizer e da Moderna, que precisam ser armazenada a pelo menos -20ºC, estes equipamentos serão ainda mais importantes.

O levantamento mostrou também que a baixa qualidade de infraestrutura geral dos postos de vacinação de uma minoria das cidades. Em 19% dos postos não há internet para o registro de imunização; enquanto 12% não possuem computador, o que atrapalha o registro do número de cidadãos vacinados e atrasa o repasse de novas doses pelo governo federal. Outros 15% apontam a necessidade de equipar as salas com itens como pia com água, sabonete e papel toalha, caixa coletora de perfurocortantes, entre outros.

As entrevistas confirmaram, porém, o potencial do Brasil de promover vacinações em massa, já que todos os municípios entrevistados possuem postos de vacinação. “O SUS é um dos maiores e mais potentes sistemas públicos de saúde pública no mundo”, escreveram os autores.

Novas vacinas, como a da Pfizer, exigem temperatura de armazenamento a -20ºC \ Foto: Roque de Sá / Agência Senado / R7

Contra isso, pesa a falta de vacinas para colocar em prática a imunização dos municípios, apontada por 47% dos gestores como o principal desafio para acelerar o ritmo. Com atrasos na entrega de fabricantes e a dificuldade de aprovações de produtos pela Anvisa, o país ainda patina para atingir a meta do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de vacinar 1 milhão de pessoas por dia.

Outra meta, de vacinar todos os brasileiros dos grupos prioritários, voltou a ser adiada pelo governo nesta quarta-feira, que agora prevê imunizar o grupo de 77 milhões de pessoas mais vulneráveis à doença até setembro de 2021. As previsões iniciais eram de atingir o objetivo ainda no primeiro semestre do ano.

Considerando a falta de infraestrutura, o Movimento Unidos pela Vacina busca articular voluntários para auxiliar os municípios com a vacinação. “É nesse reforço, seja de equipamentos, itens ou serviços, que colocamos o foco do Movimento Unidos pela Vacina de maneira que o país seja capaz de vacinar rapidamente a população à medida em que as doses cheguem”, explica uma das coordenadoras do Movimento Unidos pela Vacina, Maria Fernanda Teixeira.

Enquanto isso, o distanciamento social – a única forma de diminuir a disseminação da doença além da vacinação – não é seguido em grande parte das cidades. Em 54% destas, a percepção dos entrevistados é que pelo menos metade da população não está cumprindo as medidas de combate à Covid-19.

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