Estudo da PUCPR: álcool na gravidez compromete desenvolvimento cerebral do feto

Pesquisa identifica impactos do etanol no DNA e redes neurais fetais, associando exposição à síndrome que pode ser confundida com autismo.

Por Redação Publicado em 04/06/2025 16:33 - Atualizado em 04/06/2025 16:39

Um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Bioinformática e Neurogenética (LaBiN) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) confirmou que o consumo de etanol — substância presente em bebidas alcoólicas — durante a gravidez pode prejudicar seriamente o desenvolvimento cerebral do feto. A exposição pode resultar no Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), que envolve deficiências físicas, mentais e comportamentais, e que muitas vezes é confundido com o autismo na infância.

De acordo com o estudo, o etanol altera a estrutura da cromatina — responsável pela compactação do DNA — e compromete a formação e o funcionamento das redes neurais no cérebro em desenvolvimento. Esses danos dificultam o neurodesenvolvimento e podem ter efeitos duradouros.

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O coordenador do LaBiN, Roberto Hirochi Herai, lembra que, embora o TEAF seja reconhecido em outros países — como os EUA, onde afeta 1 em cada 20 nascimentos —, ainda não há dados precisos sobre sua incidência no Brasil. Já Bruno Guerra, coautor da pesquisa, reforça que compreender os mecanismos moleculares do álcool no cérebro fetal é essencial para o avanço em terapias e políticas públicas.

Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), o consumo excessivo de álcool entre mulheres cresceu de 10,5% em 2010 para 15,2% em 2023. E, apesar dos riscos, ainda não há evidência científica de uma quantidade segura de consumo durante a gravidez.

A pesquisa destaca a urgência de ampliar o conhecimento científico sobre os impactos do álcool durante a gestação, visando à prevenção e à formulação de estratégias de saúde pública.

* Com informações da Agência Brasil