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Governo de Santa Catarina determina censura de livros em bibliotecas escolares
Em nota, a secretaria alegou que as obras serão removidas em razão da faixa etária dos estudantes.
A Secretaria de Educação de Santa Catarina divulgou, em ofício nesta semana, que nove livros serão retirados das bibliotecas de escolas estaduais. De acordo com o documento, as obras serão armazenadas longe do alcance escolar. O estado é governado por Jorginho Mello (PL).
“Determinamos que as obras listadas abaixo sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar”, diz o ofício assinado pelo supervisor regional de educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora regional de educação, Anelise dos Santos de Medeiros.
Um dos títulos que integra a lista de proibidos é Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, livro que questiona delinquência juvenil, violência e punitivismo. Além da obra distópica, It, a Coisa, de Stephen King, Os 13 Porquês, de Jay Fischer, e a biografia O diário do diabo: os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo, de Robert K. Wittman e David Kinney, também foram censurados.
Em nota, a secretaria alegou que as obras serão removidas em razão da faixa etária dos estudantes.
“Apenas alguns dos títulos das bibliotecas das unidades escolares da região estão sendo redistribuídos, buscando melhor adequar as obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação. Obras específicas para o público adolescente/adulto tinham sido enviadas pela antiga gestão para escolas com alunos de uma faixa etária menor, como as que apenas têm estudantes do ensino fundamental”.
O suplente de vereador em Florianópolis Leonel Camasão (Psol-SC) denunciou a medida ao Ministério Público catarinense. A legenda na qual Camasão integra afirmou, em nota, que a decisão “se trata de uma censura grave, e é mais um sintoma da agenda ideológica do governo Jorginho Mello, que se mostra antidemocrática e autoritária”.
O movimento de censura tem ganhado força especialmente nos Estados Unidos desde o pleito que sacramentou a vitória de Donald Trump em 2016 na presidência americana. Um levantamento da American Library Association (ALA) de março deste ano indicava que os EUA recebera 1.269 solicitações de banimento de livros no último ano, em particular a obras referentes à comunidade LGBT+ ou pessoas não brancas.
O total de 2022 chegou a 2.571, frente 713 em 2021 e 156 em 2020, uma escalada exponencial. A associação, criada há 140 anos, passou a compilar os pedidos de censura pelo volume que a demanda teve nos últimos anos.