Santa Catarina
Governo de SC reconhece escassez de medicamentos e pede reforço ao Ministério da Saúde
Ofício mostrou quantidade baixa de três remédios no estoque estadual
Em ofício enviado ao Ministério da Saúde, o governo de Santa Catarina confirmou que os estoques de medicamentos usados no tratamento da Covid-19 estão em níveis críticos e pediu o envio desses remédios. No documento, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, esclarece que o avanço do coronavírus, o crescimento do número de óbitos e a alta ocupação de leitos em UTI contribuíram para a escassez desses insumos. Os pedidos foram obtidos com exclusividade pela equipe do Jornal do Almoço.
Os documentos datados do dia 22 de março informam que o Estado tinha em estoque a quantidade de dois medicamentos que relaxam a musculatura suficiente para oito dias de duração. Outro remédio, um sedativo, estava com um montante capaz de durar seis dias.
O secretário dá os números dos estoques e do que já está contratado com fornecedores. Para embasar o pedido, é mostrado em uma tabela que a quantia armazenada não atenderia à demanda atual. Só de Atracúrio, um bloqueador neuromuscular usado na intubação, a secretaria pede 89 mil ampolas, o que seria suficiente para um mês.
Mesmo com a solicitação, o secretário afirma que há processos para a aquisição desses medicamentos por meio de compra direta e também de licitações. Contudo, ele pontua que existem dificuldades para obter alguns deles.
André Motta Ribeiro e o governador Carlos Moisés (PSL) estão em Brasília nesta quarta-feira (24) para discutir o envio desses insumos e também tratar da vinda de mais doses de vacinas. Os encontros acontecem em meio a troca no comando do Ministério da Saúde que terá Marcelo Queiroga como responsável pela pasta.
Falta de insumos gera preocupação
A dificuldade na aquisição de medicamentos é sentida por diversas unidades de saúde de SC. O Hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú, chegou a cotar medicamentos para intubação com nove fornecedores, mas nenhum tinha os insumos a pronta-entrega.
Na semana passada, o hospital também ficou sabendo que dois tipos de bloqueadores neuromusculares não seriam entregues pelo fabricante.
— A gente estava com atenção aos bloqueadores musculares. Todo o kit intubação nós temos estoque para 30, 60 dias, os bloqueadores é que estavam chamando atenção — disse Sytia Sorgato à NSC TV.
Após a angústia, nesta terça-feira (23), foi confirmada por dois fornecedores a entrega de medicamentos. O hospital tem 80% dos pacientes da UTI intubados, e que precisam dos remédios.
SES fala em escassez
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) declarou em nota enviada à NSC TV que o mercado enfrenta escassez ou desabastecimento de remédios. E que, por causa disso, fornecedores não estão conseguindo cumprir prazos de entrega. A pasta disse ainda que, só nos primeiros nove dias de março, um dos medicamentos do “kit intubação” quase dobrou de consumo em relação à média do ano passado.
A secretaria disse ainda que, durante toda a pandemia, doou mais de 203 mil medicamentos e emprestou mais de 57 mil para hospitais e municípios. E que, só neste ano, doou mais de 129 mil medicamentos.