Economia
Guerra na Ucrânia vai elevar preços e reduzir produção de frango, além de encarecer passagens aéreas e carros
Ração animal, querosene de aviação e semicondutores para indústria automobilística já estão mais caros.
O choque inflacionário iminente provocado pela disparada do preço do petróleo e de alimentos no mercado internacional, consequência direta da invasão da Ucrânia pela Rússia, chega ao Brasil num momento em que as famílias já estão há seis meses convivendo com um patamar de inflação acima de 10% ao ano.
O País já vinha sofrendo pressões com o aumento da conta de luz em razão da crise hídrica e escassez de matérias-primas, como semicondutores. Parte disso, em especial o último fator, permanece.
O conflito no na Europa adiciona novos elementos: elevou as cotações de grãos, como o milho e o trigo, e tornou a cotação do petróleo ainda mais volátil. O barril do tipo Brent fechou a sexta-feira cotado a US$ 112,42, mas durante a semana encostou em US$ 140, próximo da máxima histórica.
Esse cenário já causa por aqui um efeito cascata que afeta os preços desde itens básicos do dia a dia até os sonhos de consumo típicos da classe média: vai da alta da gasolina, passando pelo reajuste dos preços das carnes de frango e suína, à falta de material para a produção de automóveis.
Mesmo que o governo consiga pôr em prática todos os projetos no Congresso para conter a alta do combustível e tente aliviar o aperto no orçamento das famílias com mais recursos públicos, o remédio pode não ser suficiente. O conflito na Ucrânia tem efeitos diretos e indiretos sobre a economia brasileira. Vamos sofrer um efeito dominó, a inflação vai se espalhar. O mais óbvio é o aumento dos custos logísticos com os derivados de petróleo mais caros, já que dependemos muito do modal rodoviário, mas há muito mais”, afirmam economistas.
A carne de aves e suínos ficará mais cara porque os animais são alimentados com milho e farelo de soja. Com frete e grãos mais caros, os alimentos in natura, de modo geral, devem encarecer. Isso terá impacto nos preços de alimentação fora de casa e de processados.
Nesse panorama, eventuais novas subidas da taxa de juros teriam alcance limitado para controlar a inflação. Embora o governo federal tenha corrido para aprovar um pacote por meio do qual abre mão de arrecadação via redução temporária de impostos para mitigar a alta de combustíveis, a medida tem efeitos colaterais.
Os preços de carne suína e de aves estão represados há meses e, com a alta de insumos como o milho e a soja em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia, a pressão de custos precisará ser repassada ao consumidor final, segundo Luis Rua, diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).