Santa Catarina
HU atinge 100% de lotação e suspende emergências respiratórias em Florianópolis
Panorama de toda SC sofre agravo nos últimos dias; Oeste não possui nenhum leito de UTI/Covid-19 disponível, e ocupação global do Estado é de 85%. O jornal online NDMais fez um apanhado da situação em SC. Leia:
O HU-UFSC (Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago) apresentou lotação total no espaço de atendimento de emergência respiratória durante esta quinta-feira (18), suspendendo o atendimento e informando a medida às autoridades de saúde. A unidade também não possui mais leitos da Covid-19 disponíveis.
O documento foi enviado para o gabinete da reitoria da universidade e às autoridades de saúde estadual, além da SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
“Informamos que tal medida visa garantir a segurança dos pacientes que se encontram em atendimento de emergência. Estamos monitorando a situação e, tão logo seja normalizada, retornaremos o atendimento”, diz o ofício, que não contém uma assinatura específica, e comunica que a suspensão já vigora desde às 17h desta quinta (18).
A unidade soma um total de 29 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ativos, sendo que são 24 ocupados. O índice, então, é de 82%, perto da média global do Estado, mas ainda abaixo de várias unidades, considerando o número de superlotações.
São atualmente, 11 pacientes da Covid-19 internados na unidade, que é a 20ª em número de leitos em todo o Estado, mas a mais bem estruturada da capital.
“A Emergência Geral não respiratória continua seu atendimento normal, sendo que, o HU é responsável por acolher pacientes de alta complexidade, e dessa forma precisa preservar o atendimento de casos não Covid. Cabe salientar, que o Hospital Universitário é campo de formação de profissionais de saúde. Com isso, atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde da região”, diz o HU, em nota.
Florianópolis, que é a segunda cidade com mais casos da Covid-19 no Estado (57.115), tem 96,2% de toda a sua UTI lotada. Em 210 leitos da capital, são 186 ocupados e 22 indisponíveis, deixando somente dois livres.
Os leitos adultos, especificamente, estão ocupados em 99%. No total das internações, são 73 pacientes da Covid-19. Os números deixam a região inteira em complicações, já que a Grande Florianópolis apresenta indicadores críticos.
Na última atualização do mapa de risco, na sexta (12), as autoridades de saúde indicaram que 10 das 16 regiões analisadas estavam em risco gravíssimo no quesito, incluindo a Grande Florianópolis.
“Florianópolis também está recebendo um impacto muito grande. Estamos no meio da pandemia, como temos alertado há muito tempo. Houve velocidade de transmissão e por consequência a necessidade de internações em terapia intensiva”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, ao retornar da região Oeste, que também apresenta números graves em termos de ocupação hospitalar.
No somatório, são 95% de todos os leitos da Grande Oeste que estão ocupados. O HRO (Hospital Regional de Chapecó), o mais bem estruturado da região, está com somente cinco dos seus 67 leitos disponíveis.
A situação mobilizou o governador Carlos Moisés (PSL) juntamente com a Secretaria de Saúde à região. O prefeito municipal confirmou, em transmissão nas redes sociais, que a cidade terá 22 novos leitos de UTI e 50 de enfermaria.
“Não queremos mais, se Deus quiser, transferir pacientes de Chapecó para outros municípios”, disse o prefeito João Rodrigues (PSD). O diretor do HRO comentou que jamais tinha visto uma situação semelhante na unidade.
Panorama de SC inteira foi agravado
Nos últimos dias, gradualmente, a ocupação global dos leitos de UTI foi crescendo, ficando em 85,5% durante esta quinta (18). Ao longo de todo o território, com 55 hospitais na rede pública, são 221 leitos livres, sendo que são 1.527 ativos.
Ou seja, 1.306 do montante total está com pacientes, com 639 deles em decorrência da Covid-19. A situação acaba forçando a gestão estadual a tomar medidas drásticas como a citada acima, de abrir leitos em regiões superlotadas.
Isso, pois a logística e a distribuição dos leitos influencia nas lotações. O remanejamento de pacientes acaba sendo recorrente, e o fluxo de casos que sobe rapidamente dá pouco fôlego para mediadas das autoridades.
O exemplo mais emblemático e recente foi de Xanxerê, que registrou aumento de 332% dos atendimentos de suspeita da Covid-19 em dez dias, refletindo um pico de contágio. A cidade tem seu hospital, o Regional São Paulo, totalmente lotado.
O número de unidade em lotação total diminuiu nas últimas 24h, contudo a ocupação global aumentou em algumas regiões e manteve-se estável nos números estaduais.
Ou seja, algumas unidades desafogaram, mas foram poucos os leitos que se desocuparam, podendo ter como motivo, inclusive, o falecimento de pacientes. Somente nas últimas 24h, 40 pessoas morreram em decorrência do vírus em solo catarinense.
As unidades sem nenhum leito de UTI disponível são:
• Hospital Divino Salvador, em Videira
• Hospital Maicé, em Caçador
• Hospital Regional Helmuth Nass, em Biguaçu
• Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê
• Hospital Santa Isabel, em Blumenau
• Hospital São Braz, Porto União
• Hospital Florianópolis
• Hospital Terezinha Gaio Baso, em São Miguel do Oeste
• Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis
Das unidades acima, somente a maternidade não possui pacientes da Covid-19 em seus quadros, sendo que trata-se de uma unidade que não oferta leitos adultos, os mais contaminados pela pandemia.
Além disso, 21 dos 55 hospitais em todo o Estado não possuem mais leitos da Covid-19 livres. O Oeste inteiro já não possui nenhum destes leitos livres, o que deixa a situação crítica para os pacientes mais graves.
Caso uma pessoa precise de um leito especial da Covid-19 em São Miguel do Oeste, por exemplo, ela terá que viajar cerca de 4h de carro (267km) para encontrar o hospital mais próximo que oferta UTI, sendo o Santa Teresinha, em Joaçaba. A unidade em questão, contudo, só possui uma vaga livre atualmente.
São justamente esses leitos, os especiais para a Covid-19, que são utilizados para aferir o risco de cada região, sendo tomados como o parâmetro de “capacidade de atenção”.