Economia
Indústria gaúcha termina primeiro semestre em alta
Restrições na cadeia de suprimentos permanecem como principal problema, revela pesquisa da FIERGS.
A Sondagem Industrial do RS, divulgada nessa segunda-feira (26) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), aponta para um cenário positivo para o setor em junho, fechando o semestre com crescimentos na produção e no emprego, além de estoques ajustados. Os empresários consultados na pesquisa, porém, indicam que a falta e os altos preços dos insumos e das matérias-primas continuam sendo um grande entrave para o setor. “Apesar dessas dificuldades, a demanda e o emprego devem continuar crescendo nos próximos meses, assim como os investimentos, mostrando que as medidas de controle da pandemia e o avanço da vacinação foram acertados, pois permitiram a flexibilização gradual dos setores econômicos”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
O índice de produção ficou em 51,5 pontos, em junho, e o de emprego, em 53,7. Com ambos acima de 50, revelaram crescimento relativamente a maio, desempenhos bem superiores ao sugeridos pelas respectivas médias históricas de 46,6 e 46,5 pontos. O emprego completou um ano de alta ininterrupta.
Com aumento na produção, a utilização da capacidade instalada (UCI) subiu um ponto percentual, fechando em 75% em junho. Apesar de ficar bem acima da média histórica do mês, de 68,4%, os empresários avaliaram como um pouco abaixo do normal. O índice de UCI em relação à usual registrou 49 pontos, um ponto inferior ao nível normal para o mês.
Os estoques de produtos finais, por sua vez, cresceram ligeiramente entre maio e junho e o índice de evolução ficou em 50,5 pontos, em linha com o esperado pelas empresas. Já o índice de estoques em relação aos planejado atingiu 50,3, muito próximo dos 50, indicando estoques ajustados.
No segundo trimestre, o principal problema enfrentado pela indústria, segundo a pesquisa, continuou sendo a falta/elevação dos custos dos insumos e matérias-primas, apontado por 75,1% das empresas. Trata-se do terceiro recorde seguido, confirmando que nunca um problema atingiu de forma tão intensa e disseminada a indústria gaúcha. A elevada carga tributária, apontada por 31,5% das empresas, e a taxa de câmbio, por 31%, foram o segundo e terceiro maiores desafios para o setor no período.
Com relação às condições financeiras ainda referente ao segundo trimestre, o empresariado gaúcho demonstrou maior insatisfação com a margem de lucro, mas manteve a satisfação com a situação da empresa. Os índices de satisfação, respectivamente, caíram três (para 46,7) e 0,1 ponto (para 53,9) em relação ao primeiro trimestre. Não houve mudança na percepção negativa dos empresários com relação ao acesso ao crédito: o índice de facilidade atingiu 44,1 pontos, um décimo acima dos primeiros três meses. Abaixo dos 50 pontos, indica acesso ao crédito difícil. Os empresários continuam relatando um intenso aumento nos preços das matérias-primas no segundo trimestre, ainda que em nível menor se comparado ao primeiro, conforme mostra a queda do índice de 83 (nível recorde) para 78,7 pontos no período.
EXPECTATIVAS - Na avaliação das expectativas para os próximos seis meses, todos os índices continuaram acima dos 50 pontos na pesquisa realizada entre 1º e 13 de julho. Na comparação com junho, aumentaram a demanda (de 58,3 para 60,4 pontos), o emprego (53,7 para 55,8) e as compras de matérias-primas (55,3 para 58). Já o índice de exportações recuou de 55,5 para 54,1 pontos.
Com a melhora do cenário, os empresários gaúchos mostram mais disposição para realizar investimentos. O índice de intenção atingiu 61,4 pontos, maior valor desde março de 2014, 2,1 acima de junho, e 11,4 superior à média histórica. Pouco mais de dois terços, 68,2% das empresas, revelaram desejo de investir.
O levantamento consultou 197 empresas, sendo 36 pequenas, 64 médias e 97 grandes. Mais informações aqui.