Economia
Iniciativa transforma resíduos em energia elétrica, compostagem e produtos termoplásticos
O projeto também deve receber investimentos na ordem de R$ 14 milhões por parte da iniciativa privada, somando ao todo R$ 21 milhões.
Uma iniciativa pioneira e inovadora no estado, que vai fazer a destinação correta de 100% do lixo gerado de 14 municípios, com resíduos que deixam de ir ao aterro sanitário. O projeto, resultado de uma parceria entre Governo de Estado, Consórcio de Municípios e a iniciativa privada, é o primeiro neste modelo para dar solução ao lixo, gerar ainda mais empregos, benefícios ao meio ambiente e incentivar a economia circular de Santa Catarina.
Para potencializar ainda mais o trabalho de reciclagem que vem sendo realizado no Aterro Sanitário do Parque do Girassol, o Governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), anunciou nesta sexta-feira, 29, repasse na ordem de R$ 7 milhões. O projeto também deve receber investimentos na ordem de R$ 14 milhões por parte da iniciativa privada, somando ao todo R$ 21 milhões.
Os valores serão destinados à implantação e operação de quase 5 mil toneladas mensais de resíduos sólidos da coleta convencional, processando e transformando em energia elétrica, produtos termoplásticos e compostagem, aproveitando 100% dos resíduos com estrutura e equipamentos nacionais. Além disso, o aporte vai contribuir para o desenvolvimento do Parque do Girassol, onde está localizado o Aterro Sanitário, com áreas verdes e trilhas ecológicas, onde ocorrem programas de visitação e educação ambiental.
Economia e empregos
Os investimentos garantem a continuação de uma ação conjunta pela coleta e destinação correta do lixo que envolve 14 municípios da Região do Médio Vale do Itajaí. A expectativa é gerar no mínimo 30 empregos diretos para a nova usina que será construída com os valores repassados pelo governo e pela iniciativa privada. Ao total, cerca de 130 pessoas trabalham em torno do Parque do Girassol e do projeto de destinação correta dos resíduos, desde a cooperativa de triagem (60), no aterro sanitário (15) e serviço de coleta (25).
Consórcio
O Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí (CIMVI), que atua para fomentar o desenvolvimento sustentável nas cidades de Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Botuverá, Doutor Pedrinho, Gaspar, Guabiruba, Ilhota, Indaial, Luiz Alves, Massaranduba, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó, é responsável pela iniciativa de gestão dos resíduos. São cerca de 30 pessoas que trabalham no CIMVI e que auxiliam de alguma forma no Parque do Girassol, onde está a nova usina.
Transformação
O diretor executivo do CIMVI, Fernando Tomaselli, explica que, com a usina, o lixo orgânico será transformado em lodo, para virar energia elétrica, através de biodigestores, auxiliando no meio ambiente e também na conta de luz das prefeituras. Além disso, o lodo dos resíduos orgânicos também vai ser transformado em compostagem para canteiros públicos e hortas comunitárias. Já os plásticos e tecidos recolhidos vão para um processo termoplástico, que é a transformação dos resíduos em produtos que serão reaproveitados pelas prefeituras que fazem parte do CIMVI, como fios e placas de trânsito.
Em 2019, foi criado o primeiro módulo de operação do parque, em que o lixo, já coletado nos 14 municípios, passou a ser destinado para um aterro sanitário, onde começou a ocorrer a separação e a destinação correta dos materiais recicláveis. Foi criado o programa Vale Muito Cuidar, em que foram entregues embalagens específicas para as 14 cidades que fazem parte da iniciativa recolherem os resíduos. Apenas Gaspar optou por ficar fora do parque e adotar um sistema próprio.
Esse primeiro módulo também foi de desenvolvimento do Parque do Girassol, onde o Aterro Sanitário está localizado e que já recebeu mais de 4 mil visitantes entre professores, estudantes, empresas e políticos.
Neste local, os visitantes podem ver exposições com obras de arte feitas com material reciclável, aprender sobre o impacto do lixo nas nossas vidas e também percorrer uma trilha ecológica (Trilha do Tatu), com fauna e flora da região. Dentro do parque, está a sede do consórcio, a central de valorização de resíduos e o aterro sanitário com um mirante.
Oportunidade.
Mariléia Selonke Sasse é servidora que trabalha para o parque como assessora de educação ambiental, estruturando políticas ambientais relacionadas à política nacional dos resíduos sólidos e ao meio ambiente. Para ela, o parque proporciona uma vivência educacional para visitantes e até para as pessoas engajadas na iniciativa. “A pessoa sai com uma outra visão da problemática dos resíduos e conservação de espécies, percebendo que é possível tomar medidas no dia a dia que sejam benéficas para todo o processo de consumo consciente e o descarte de resíduos”, enfatizou.