Economia

Interferência de Bolsonaro na Petrobras derruba Bolsa e ações de outras estatais

A troca de comando da Petrobras após os reajustes nos preços dos combustíveis tem viés negativo na análise de risco de crédito da estatal.

Por O Sul Publicado em 22/02/2021 21:40 - Atualizado em 03/06/2024 09:49

A interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, com o anúncio, na sexta-feira (19), de que iria trocar o presidente da estatal, impactou fortemente o mercado financeiro nesta segunda-feira (22). As ações da companhia lideraram entre as perdas do Ibovespa, com queda de mais de 21%. Os papéis de outras estatais também tiveram queda forte: Banco do Brasil caiu 11,06%, e Eletrobras, cerca de 0,69%, após recuar mais de 7% no começo do pregão.

Em resposta, a Bolsa brasileira, B3, fechou em queda de 4,87%, aos 112.667,70 pontos nesta segunda, maior queda para um único dia desde 24 de abril e menor valor de fechamento desde 3 de dezembro. Na mínima do dia, o Ibovespa tocou os 111.650,26 pontos, menor nível intradia desde 2 de dezembro. Já os papéis ON e PN da Petrobras tiveram quedas de 20,48% e 21,15% cada.

A decisão do governo de trocar o comando da Petrobras após os reajustes nos preços dos combustíveis tem viés negativo na análise de risco de crédito da estatal. Somente nesta segunda-feira, a perda em valor de mercado da companhia somou R$ 73,2 bilhões. No pregão anterior, depois das ameaças do presidente, foi registrada uma perda de R$ 28,2 bilhões.

Na noite de sexta, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da estatal, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando críticas. Para que a troca na presidência da estatal seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira.

Câmbio

O câmbio também foi afetado pela pressão interna causada pela interferência na Petrobras. O dólar fechou em alta de 1,27%, cotado a R$ 5,4539. Antes disso, o leilão de US$ 1 bilhão de dólares feito pelo Banco Central, quando a moeda bateu em R$ 5,53 na máxima do dia, alta de 3%, teve efeito moderado sob a moeda. A turbulência também faz crescer a aposta na alta dos juros: aumentaram as projeções de aumentos de 0,5 ponto porcentual da Selic, a taxa básica de juros brasileira, em março e maio.

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