Saúde

Janeiro Roxo: Casos de hanseníase aumentam 5% no país

Lei sancionada no fim do ano passado garante que filhos de pessoas com hanseníase recebam pensão vitalícia

Por Brasil 61 Publicado em 13/01/2024 10:43 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

A hanseníase sempre foi uma doença rodeada de estigmas. E esse é um dos aspectos que dificulta o acesso ao diagnóstico e, consequentemente, ao tratamento. De janeiro a novembro de 2023, houve um aumento de 5% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Ministério da Saúde.

Foram 19.219 casos de hanseníase. Destes dados preliminares, quase 20% (3.927) estão no estado do Mato Grosso — que registrou aumento de 76% quando comparado com 2022. Acredita-se que esse aumento expressivo seja explicado pela diminuição da subnotificação.

A hanseníase é uma doença infecciosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e é considerada uma das mais antigas doenças do mundo — antes conhecida como lepra. Ela atinge a pele, mucosas e o sistema nervoso periférico.

O Janeiro Roxo, mês de conscientização e combate à hanseníase, alerta para o diagnóstico da doença, que não é simples, como explica o infectologista Fernando Chagas.

“Ela tem como característica se alojar nos nervos, especialmente nos nervos periféricos, aqueles que saem da coluna para as pernas e braços. É um microrganismo que se divide muito lentamente, por isso é de difícil diagnóstico inicial. Ela não se desenvolve tão rapidamente e não se desenvolve em todo mundo, depende da imunidade de cada pessoa”, explica.

Os primeiros sinais são as manchas hipocrômicas — de cor diferente da cor da sua pele —, geralmente com perda da sensibilidade no local, além das dores nos nervos e fraqueza nas mãos. Qualquer um desses sintomas deve ser um sinal de alerta para buscar atendimento médico imediato. Embora tenha cura, a falta de tratamento da doença pode causar lesões irreversíveis.

Pessoas com o sistema imunológico fragilizado e idosos têm mais chances de se infectar pela bactéria. A prevenção é manter as medidas de higiene e em caso de contato com algum paciente procurar atendimento para realizar o exame físico geral, dermatológico e neurológico.

Tratamento e preconceito

O tratamento é à base de antibióticos e pode levar até dois anos. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde, sendo as demais, auto administradas. Esse tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Associado a isso, a fisioterapeuta dermatofuncional Adriana Hernandez ajuda com a retomada dos movimentos.

“Atuamos principalmente na perda dessa força muscular e na diminuição da sensibilidade, que em muitos casos não é possível recuperar totalmente, então nós entramos justamente trabalhando na diminuição dessas perdas”, explica.

Por causa dos efeitos da hanseníase, ainda hoje existe um grande preconceito com os pacientes, como relata o infectologista.

“É um estigma muito pesado muito associado à história da doença por ser muito antiga. E outra coisa, quando o microrganismo começa a destruir os nervos, começa a prejudicar o movimento do membro, começa a destruir o tecido e pode causar deformidades, e isso também contribui para o preconceito”, comenta Chagas.

Nova lei

Entre as décadas de 1920 e 1970, a política do país era capturar os infectados pela hanseníase e interná-los à força em hospitais-colônias, deixando-os isolados e sem contato com os familiares. Por isso, em novembro do ano passado foi sancionada a Lei nº 14.736/2023 que concede pensão vitalícia aos filhos dos pacientes, por terem sido separados dos pais durante essa internação. O valor é de um salário mínimo.

Fonte: Brasil 61

Conteúdo relacionado

Termos relacionados