Saúde
Junho Laranja reforça a importância do diagnóstico precoce da leucemia mieloide crônica
Apesar de rara, doença tem prognóstico favorável se diagnosticada cedo.
Conhecida por atacar os tecidos formadores do sangue, a leucemia atua progressivamente, exigindo atenção redobrada para o seu diagnóstico precoce e o respectivo tratamento dentro do tempo ideal. Para o triênio 2020-2022, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) projeta o surgimento superior a 10 mil novos casos de leucemia no Brasil – 5.920 em homens e 4.890 em mulheres. Somente no primeiro ano deste período, estima-se que tenham ocorrido cerca de sete mil óbitos provocados pela doença, como aponta o Atlas de Mortalidade por Câncer, organizado pela entidade.
A doença se divide em alguns tipos, dentre eles a leucemia mieloide crônica (LMC), que corresponde a aproximadamente 15% dos novos casos projetados pelo INCA. A neoplasia atinge pessoas de ambos os sexos, geralmente a partir dos 60 anos, e pode provocar anemia, fadiga, infecções, sangramentos e outros problemas colaterais.
De acordo com a Dra. Rafaela Dal Molin, hematologista da Oncoclínicas RS, é fundamental levar em consideração algumas condições que podem aumentar as chances do desenvolvimento da doença. “Alguns fatores de risco podem colaborar para o surgimento do câncer, como é o caso do tabagismo, exposição à radiação ionizante (raios X e gama) proveniente de procedimentos médicos, como a radioterapia, além da exposição ao benzeno (substância encontrada na gasolina e largamente usada na indústria química), formaldeído, agrotóxicos e alguns medicamentos utilizados na quimioterapia”, explica a especialista.
A hematologista comenta ainda que portadores de síndrome de Down e outras desordens sanguíneas também têm risco elevado para o surgimento da doença.
De olho nos sintomas
Apesar da doença ser muitas vezes assintomática na fase inicial, é preciso ficar de olho em sinais como: perda de apetite e peso, suores noturnos, sensação de inchaço (normalmente causada pelo crescimento do baço), dores articulares e coceira. Já na fase blástica, os pacientes geralmente passam pelo agravamento da doença, pois o número de glóbulos vermelhos, neutrófilos e plaquetas diminui, provocando infecções, palidez, hematomas e hemorragia.
A detecção da doença
Quando os resultados de hemograma completo mostram uma contagem de glóbulos brancos anormalmente elevada, podem indicar diagnóstico de LMC. Nas amostras de sangue examinadas ao microscópio, podem ser vistos glóbulos brancos ainda imaturos, normalmente presentes apenas na medula óssea.
Entretanto, muitas vezes, os glóbulos brancos circulantes têm aspecto normal. Por isso, são necessários testes para analisar os cromossomos (testagem citogenética ou testagem genética molecular) e, assim, confirmar o diagnóstico mediante detecção do cromossomo Filadélfia – que produz uma enzima alterada (tirosina quinase) responsável pelo padrão de crescimento anormal e aumento de produção dos glóbulos brancos na leucemia mieloide crônica.
Sobre o tratamento
Diferente de outros tipos de câncer sanguíneo, esse tipo de leucemia pode ser tratado com medicações por via oral. O combate ocorre com fármacos específicos, como inibidores de tirosina quinase, que bloqueiam a proteína tirosina quinase anormal, cuja produção é determinada pelo cromossomo Filadélfia. Além de maior qualidade de vida ao paciente, estas drogas podem contribuir para aumentar sua taxa de sobrevida.
Consideram-se fatores como estágio da doença, condições de saúde preexistentes e idade para definir o melhor tratamento para cada paciente. Outro dado positivo é que com esses medicamentos, 90% das pessoas sobrevivem por pelo menos cinco anos e a maioria delas está bem dez anos depois do tratamento. Em alguns casos, o transplante de medula óssea também é indicado.