Política

MDB decide ir com candidato próprio para o governo do RS

Partido não vai apoiar Leite e decide sobre nome somente na convenção em 31 de julho.

Por Jorna do Comércio Publicado em 10/07/2022 21:04 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

O cancelamento de reunião em que o MDB definiria sua posição sobre candidatura ao Palácio Piratini na eleição adiou a decisão em três semanas: tudo fica para o dia 31 de julho, quando o partido realiza sua convenção para oficialização dos candidatos. A publicação é do Jorna do Comércio. 

Na prática, a decisão esvazia um possível apoio à candidatura do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e, por consequência, fortalece o lançamento do deputado estadual Gabriel Souza (MDB) a governador - seria a 11ª eleição consecutiva, desde a redemocratização, em que o MDB apresentaria nome próprio para a disputa ao Piratini.

A decisão de cancelar a reunião de domingo veio a partir de um pedido do secretário-geral da executiva estadual do partido, Norton Soares, em um encontro na tarde de sexta-feira. Depois de cerca de duas horas de discussão em formato híbrido, a executiva decidiu cancelar o encontro partidário de domingo. "O presidente (do MDB gaúcho) Fábio Branco chamou a reunião para unir o partido e dar uma resposta definitiva para o diretório nacional mas, na prática, isso não funcionou. Ao invés de unir, chamou mais brigas", justificou Soares.

O MDB gaúcho é pressionado pela direção nacional da sigla a apoiar a candidatura de Leite, já que o PSDB respalda a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) ao Palácio do Planalto. Os tucanos devem, inclusive, indicar o nome à vice-presidência. Em contrapartida, receberiam apoio do MDB em estados-chave, como o Rio Grande do Sul. A orientação nacional foi divulgada no fim de junho.

Com esse movimento, vozes do MDB gaúcho favoráveis a uma aliança com Leite, que vinham se manifestando apenas nos bastidores, passaram a defender, em público, a união com o tucano.

Primeiro foi o deputado estadual Juvir Costella (MDB), ex-secretário de Transportes do governo Leite, que, na tribuna da Assembleia Legislativa, fez a defesa do que é "melhor para o Estado e não melhor para o partido", defendendo o apoio ao tucano.

Na sexta-feira, em entrevista ao Jornal do Comércio, foi a vez do prefeito de Restinga Seca, Paulinho Salerno (MDB), atual presidente da Famurs, manifestar simpatia por Leite, argumentando que o MDB deve considerar em sua decisão sobre a disputa ao Piratini o apoio a uma candidatura viável eleitoralmente.

Segundo Costella, o apoio a Leite é amplo. "Tenho percebido que mais de 70% dos prefeitos querem uma aliança", calcula. "O que eu defendo é que o MDB faça um diálogo com o PSDB, com o União Brasil para dar a continuidade do projeto que iniciamos durante o governo Sartori (MDB, 2015-2018). O projeto de Sartori avançou com Leite. Vamos mudar de opinião agora? Não vou ser incoerente."

No entanto, para Fábio Branco, presidente da executiva estadual e prefeito de Rio Grande, manifestações como as de Costella e Salerno são "individuais". "Para isso ser discutido, tem de haver manifestações estruturadas. Nunca houve desrespeito ao MDB nacional, mas quem vai definir o que vai acontecer na eleição no Estado é o MDB gaúcho", pontua.

Na mesma linha, o secretário-geral do MDB gaúcho sustenta que, como no mês de março, o partido já havia decidido pelo nome de Gabriel Souza ao Piratini, uma nova reunião para debater o tema "apenas serviria para dar voz a quem não quer a candidatura própria", admite. Assim, na sexta-feira à noite, foi divulgado um comunicado informando que, em decisão unânime, a executiva estadual do MDB optou pelo cancelamento da reunião, atendendo "à solicitação das instâncias partidárias de todo o Rio Grande do Sul". Com isso, a convenção estadual do dia 31 de julho deve, basicamente, votar se apoia ou não a candidatura de Gabriel Souza.

Norton Soares também acredita na viabilidade de Gabriel Souza, lembrando disputas em que o MDB saiu vencedor no Estado, partindo de baixos índices nas pesquisas de intenção de voto - com Germano Rigotto e José Ivo Sartori, em 2002 e 2014 respectivamente.

Também diz que o diretório nacional não ameaça retaliação caso o MDB gaúcho rejeite apoiar Leite. "Temos lideranças no Estado que têm um bom trânsito e não vão deixar o Gabriel sozinho, como Eliseu Padilha. Duvido que nomes como esses queiram rifar sua candidatura", diz.

O secretário também admitiu que há filiados que defendem que, em vez de Leite, o apoio do partido vá para Onyx Lorenzoni (PL), podendo até ocupar a vice. "Essa possibilidade é ainda mais difícil (do que uma aliança com o PSDB). Estamos falando de extremos, um programa que vem contra o que viemos fazendo", analisa.

Fábio Branco também reforçou que, apesar de terem havido conversas com Onyx e outros candidatos, como Beto Albuquerque (PSB) e Vieira da Cunha (PDT), o MDB nunca aprofundou nenhum entendimento com o pré-candidato do PL.

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