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Rio Grande do Sul

MetSul explica: ciclone vai provocar vento forte no RS

Fenômeno difere do registrado em junho e vento com potencial para grandes danos é a maior preocupação da Defesa Civil. Entenda melhor o fenômeno e os riscos.

Rádio Guaíba/MetSul
por  Rádio Guaíba/MetSul
11/07/2023 10:24 – atualizado há 36 segundos
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Após estragos e mortes deixados por um fenômeno do tipo em junho, um novo ciclone vai atingir o Rio Grande do Sul nesta semana. A meteorologista Estael Sias alerta para as principais características do episódio e o quanto ele pode se assemelhar ao anterior. Nesta terça-feira, a chuva começa a se espalhar pelo território gaúcho, mas o cenário deve se agravar a partir de quarta-feira.

Confira a análise da profissional:

Vai ser pior que em junho? Quarta e quinta podem ser enquadrados no topo da escala de risco por fenômenos meteorológicos severos. Os gaúchos e catarinenses não só vão enfrentar chuva em excesso, com algumas cidades superando a média histórica de precipitação do mês inteiro, como enfrentarão vento muito forte a intenso com potencial de danos e um grande impacto no sistema elétrico.

Aí surge a pergunta: vai ser pior que o ciclone de junho? De acordo com a avaliação da MetSul Meteorologia, baseada nos melhores modelos computacionais do mundo de previsão do tempo para o Sul do Brasil, considerando as duas principais variáveis que são chuva e vento, a resposta é sim e não.

Vamos entender? A começar pela chuva. Três critérios objetivos devem ser levados em conta na comparação com o ciclone de junho ao se projetar chuva: abrangência, volumes e condição precedente.

A chuva com altos volumes se concentrou em junho mais entre os vales, a Grande Porto Alegre e o litoral Norte. Desta vez, maior número de municípios vai ter chuva com altos acumulados, especialmente na metade Norte, no Centro e parte do Leste do estado, ou seja, pior que no ciclone de junho em abrangência.

E os volumes? Em junho, a chuva somou até 250 mm nos vales e na Grande Porto Alegre com até 350 mm em pontos do litoral Norte. Vai chover muito até sexta, com o pior entre quarta e a quinta, com volumes entre 100 mm e 200 mm em diversas cidades e em algumas acima de 200 mm, portanto menos que nas áreas mais afetadas no mês passado.

Já a condição precedente importa porque em junho a chuva extrema não foi antecedida por intensas precipitações dias antes e agora este evento de chuva volumosa ocorre poucos dias após acumulados de 50 mm a 130 mm em diversas cidades, fazendo com que os rios estejam mais altos – o que potencializa o risco de cheias em bacias não afetadas em junho, quando o Caí e o Sinos tiveram grandes cheias.

A soma do que caiu no fim da semana com o que se prevê de chuva até sexta-feira significa que grande número de municípios da metade Norte vai ter acumulados em apenas uma semana da ordem de 200 mm a 400 mm. Isso leva a MetSul a advertir para a alta probabilidade de cheias de rios, enchentes, inundações repentinas, quedas de barreiras e deslizamentos de terra.

E o vento? Aí está a principal diferença para junho. Em abrangência e intensidade. No ciclone dos dias 15 e 16 do mês passado, a ventania forte concentrou-se no Nordeste gaúcho com rajada máxima medida em estação meteorológica de 102 km/h na costa, em Tramandaí, e de 77 km/h em Porto Alegre, em Belém Novo.

O campo de vento forte do ciclone que vem aí entre quarta e quinta vai ser muitíssimo maior – a ponto de se esperar ventania até em São Paulo e Rio de Janeiro. Praticamente todo o Rio Grande do Sul vai ter vento moderado a forte com rajadas de 50 km/h a 80 km/h na grande maioria dos municípios. A ventania sobre o Atlântico vai ser tão forte e em uma área tão extensa que vai gerar uma forte ressaca do mar entre os litorais do Sul e do Sudeste do país.

Diferentemente de junho, em que o ciclone atuou sobre o mar rente à costa do litoral Norte, agora a ciclogênese (formação do ciclone) vai se dar sobre o continente e exatamente sobre o Rio Grande do Sul com uma baixa pressão que vai se aprofundar muito sobre o estado nesta quarta, o que é menos comum.

Não apenas o vento forte deve atingir maior número de locais como deve ser mais intenso, superando as marcas máximas de rajadas registradas no mês passado na maior parte das cidades. O vento já aumenta na quarta, sobretudo no fim do dia, mas o pior do vento é esperado na quinta – quando o ciclone estiver na costa e ganhando força.

Embora haja ainda muitas discrepâncias entre os modelos e incertezas quanto à posição do ciclone – o que se reflete na previsão de vento – as melhores estimativas sugerem hoje rajadas de 60 km/h a 80 km/h, isoladamente superiores, em grande número de municípios gaúchos desde a madrugada e que tendem a se intensificar até de manhã de quinta.

No pico, as marcas de vento podem atingir de 70 km/h a 90 km/h na área de Porto Alegre e valores perto e acima de 100 km/h em pontos da orla, especialmente no litoral Norte. Sublinha-se que terreno (topografia) interfere e há alto risco de vento mais forte que o indicado em alguns locais. Igualmente, o Leste catarinense, em especial a costa e o Planalto Sul, deve ser afetado por ventania intensa com mais de 100 km/h em diferentes pontos.

Com vento forte mais abrangente e rajadas por vezes intensas, e que vão soprar por muitas horas seguidas, problemas na rede elétrica podem ser de grande escala e em muitas áreas do estado, não concentrados como em junho no Nordeste gaúcho, o que pode afetar bastante a rede da CEEE Equatorial, como no mês passado, e desta vez – pela abrangência – ter impacto ainda na área da RGE. Esse vai ser evento que reúne as características para afetar centenas de milhares de consumidores.

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