Saúde

Ministério da Saúde admite necessidade de 3ª dose contra a Covid a parte da população

Casos de internação e morte de idosos vacinados com duas doses levantaram o debate sobre a necessidade. Entre 4 e 5 milhões de idosos com mais de 80 anos no Brasil deverão receber a terceira dose.

Por O Estado de São Paulo Publicado em 17/08/2021 21:28 - Atualizado em 31/07/2024 09:20

A secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite Melo, admitiu nesta segunda-feira, em comissão do Senado, a necessidade de que parte da população brasileira receba uma 3ª dose da vacina contra o coronavírus. Governos locais começaram a planejar o reforço para idosos, paralelamente à vacinação de adolescentes, mas ainda dependem do aval do Ministério. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Nas últimas semanas, os casos de internação e morte de idosos vacinados com duas doses levantaram o debate sobre a necessidade de aplicação de uma 3ª dose nessa faixa etária, já adotada em países como Israel e Chile. Um estudo da Fiocruz projetou aumento de internações de idosos com mais de 80 anos nos Estados de São Paulo e Rio. As ocorrências podem significar redução da proteção provocada pelos imunizantes, em idosos, ao longo do tempo.

“Em determinadas faixas etárias, para determinados imunizantes, realmente está diminuindo essa proteção (das vacinas)”, disse Rosana. “Temos estudos preliminares, ainda não publicados, são discussões internas. E estamos tomando decisões a nível de gestão – o que fazer, planejar, quantificar esses grupos que porventura precisem (da terceira dose).”

A pasta calcula entre 4 e 5 milhões de idosos com mais de 80 anos no Brasil. Ela citou o exemplo dos Estados Unidos que, na semana passada, autorizaram a administração da terceira dose, em pessoas imunodeprimidas, das vacinas da Pfizer e da Moderna. Rosana destacou o avanço da variante Delta, o que altera o cenário no Brasil há uma semana. De modo geral, segundo a secretária, ainda não há aumento de internações no País, mas situações “pontuais” indicando que isso deve ser monitorado.

A pasta analisa qual imunizante pode ser usado para a terceira dose e a possibilidade de intercambiar vacinas. Um estudo da Saúde iniciado ontem vai testar a resposta imune de pessoas vacinadas com a Coronavac após receber uma dose de reforço.

A Comissão Temporária da Covid-19 no Senado discutiu especificamente a necessidade de aplicar em idosos a terceira dose. A pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo defende que pessoas acima de 70 anos sejam vacinadas com imunizantes de vírus inativado, como a Coronavac, e que profissionais de saúde e pessoas com imunodeficiências sejam as primeiras a receber a dose extra. “O Rio de Janeiro já está hospitalizando gente que tomou as duas doses”, alertou.

Para Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz, a dose de reforço é necessária considerando a queda de anticorpos neutralizantes após seis meses da vacinação e a redução natural de defesas no organismo de pessoas idosas. Ele vê com preocupação uma eventual espera do governo federal pela publicação de resultados de estudos sobre a dose de reforço. “Quantas mortes vão ser necessárias para tomar essa decisão?”, indaga. Epidemiologistas defendem que a terceira dose só comece quando toda a população adulta estiver coberta.

O Estadão questionou o ministério sobre início de uma possível revacinação, mas não obteve resposta específica. A pasta informou que “acompanha estudos sobre a efetividade das vacinas” e que o tema “é analisado pela Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis”.

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