Esporte
Ministério Público recorre contra liberdade provisória a jogador que agrediu árbitro no RS
Segundo o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, soltura de William Ribeiro, de 30 anos, pode passar uma sensação de impunidade em razão da ampla repercussão das imagens da agressão.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) recorreu da decisão que concedeu liberdade provisória ao jogador William Ribeiro, de 30 anos, que agrediu o árbitro Rodrigo Crivellaro em partida válida pela segunda divisão do Campeonato Gaúcho. A Promotoria ainda aguarda a conclusão do inquérito policial. A tendência é que o atleta seja indiciado e depois denunciado.
Segundo o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, a manutenção da prisão se justifica pelo fato de que pode passar uma sensação de impunidade em razão da ampla repercussão das imagens da agressão, além de o jogador ter antecedentes criminais. Ele tem três registros de ocorrência por lesão corporal e vias de fato, embora não tenha sido condenado.
“O recurso é no sentido de que, sendo o futebol um esporte muito popular, a repercussão daquela cena de violência, associada a uma liberdade extremamente precipitada, pode produzir uma sensação de impunidade muito prejudicial à ordem pública. Muitas pessoas assistiram. Entendemos necessário mantê-lo preso no curso do processo. Até porque, embora ele seja tecnicamente primário (não tem condenações na Justiça), ele tem um histórico precedente de atos de violência, conforme boletins de ocorrência registrados contra ele e comentários de pessoas ligadas ao esporte”, disse o promotor de Venâncio Aires.
De acordo com o delegado Vinicius Lourenço Assunção, responsável pelo caso, Ribeiro assumiu um risco de matar ao agredir o árbitro na cabeça, o que caracteriza o chamado dolo eventual. O atleta foi autuado por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. O Código Penal prevê uma pena de 12 a 30 anos para o crime, mas ela é reduzida de um a dois terços por não ter se consumado.
“A vingar esse entendimento, essa tentativa de homicídio está lastreada no dolo eventual. No momento em que ele é um atleta profissional, assume um risco muito grande ao chutar a cabeça de alguém. Ele tem uma força muito maior do que um homem médio” disse o delegado titular da delegacia de Venâncio Aires.
A agressão ocorreu aos 15 minutos do segundo tempo da partida entre sua equipe São Paulo-RS e Guarani de Venâncio Aires, no Estádio Edmundo Feix. Nas imagens da transmissão, é possível ver Ribeiro acertando um chute na cabeça de Crivellaro, que já estava caído no chão. O juiz ficou imóvel após sofrer a agressão e imediatamente recebeu atendimento médico. Crivellaro passou por exames na cabeça, na cervical e na bacia. Ele recebeu alta no dia seguinte.
Defendendo o São Paulo-RS, o jogador gaúcho já agrediu um torcedor em um jogo contra a Lajeadense este ano, mesmo estando fora do campo e não relacionado. Já em 2014, ele foi expulso por dar um soco em um adversário do Pelotas enquanto jogava pelo Guarani de Venâncio Aires.
Após o novo caso de violência, o São Paulo-RS anunciou a rescisão de contrato com o jogador, acrescentando que o clube tomará “todas as medidas possíveis e legais em relação ao fato”.
Em nota, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) disse que o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS) irá averiguar os fatos e tratar das respectivas sanções. A entidade lamentou a agressão contra o árbitro e desejou “pronta recuperação a Rodrigo Crivellaro”.
Ribeiro, de 30 anos, nasceu em Pelotas (RS) e construiu sua carreira nas divisões inferiores do futebol gaúcho. Ele atua tanto como atacante quanto como meia e começou na base do Internacional. Após passar por mais de 15 equipes locais, o atleta voltou a defender o São Paulo-RS neste ano, em sua terceira passagem pelo clube. Atuou em 18 jogos nesta temporada, nos quais marcou dois gols.