Agro
Na Semana do Meio Ambiente, evento virtual aborda erva-mate
A atividade, transmitida pelo YouTube, faz parte do Programa Gaúcho para a Qualidade e Valorização da Erva-mate.
Fazendo parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente, foi realizado nesta sexta-feira (04) o evento virtual “Erva-mate: conservação e uso”, promovido pela Emater/RS-Ascar, secretarias estaduais da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente e Infraestrutura e Embrapa Florestas. A atividade, transmitida pelo YouTube, faz parte do Programa Gaúcho para a Qualidade e Valorização da Erva-mate.
Na oportunidade, o pesquisador da Embrapa Florestas, Marcos Wrege apresentou o Projeto Araucamate, que se trata de um projeto multidisciplinar, envolvendo as áreas de conservação, clima, solo, sistemas de informações geográficas, dendrocronologia (somente araucária) e bioquímica (somente erva-mate). “Foram feitas expedições a áreas estritamente conservadas (geralmente Florestas Nacionais - Flonas), visando caracterizar o material genético das populações da região (e não de material proveniente de outras regiões) e relacionar as características genéticas destes materiais com os parâmetros de clima e de solo da região, bem como os compostos bioquímicos presentes nas folhas de erva-mate, tais como cafeína, teobromina, fenólicos, cinzas e proteínas, além dos elementos N, P, K, importantes para as indústrias de fármacos e de cosméticos, assim como a própria atividade de ervateria em si”, explicou.
As coletas de amostras, segundo o pesquisador, foram feitas nas Flonas de Passo Fundo e de São Francisco de Paula (RS), municípios de Machadinho e de Pelotas, Canguçu, Santana da Boa Vista (RS), Quatro Barras (PR), divisas entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Parque Nacional do Itatiaia e Laguna Caarapã (MS).
Já a pesquisadora da Embrapa Florestas, Elenice Fritzsons, falou sobre a conservação e o melhoramento genético da erva-mate, baseada em grupos climáticos, trabalho esse que resultou em um artigo publicado na revista Scientia Forestalis, em dezembro de 2020. “O clima afeta diretamente a vegetação, a curto prazo na sobrevivência das espécies e, a longo prazo, o clima exerce uma força seletiva que afeta a distribuição das espécies e o genótipo das populações”, esclareceu. Ela disse que o objetivo do trabalho foi identificar e caracterizar grupos de clima homogêneos onde ocorre, naturalmente, a erva-mate na região Sul do Brasil.
Elenice salientou que, considerando as mudanças climáticas, deve-se identificar novas zonas de adaptação para a erva-mate no futuro, visto que em toda a região estudada a erva-mate não é limitada pelas baixas temperaturas, mas pelas mais elevadas. “Assim, a área de ocorrência natural seria reduzida, considerando o aquecimento global”, finalizou.
A abertura do evento contou com a participação de representantes das entidades promotoras, sendo o pesquisador Jackson Freitas representando a Seapdr, o biólogo e chefe da Divisão de Flora do Departamento de Biodiversidade, Davi Chemello, representando a Sema, o extensionista Ilvandro Barreto de Melo, representando a Emater/RS-Ascar, e o pesquisador Ives Goulart, representando a Embrapa Florestas. O evento teve como mediador o extensionista da Emater/RS-Ascar, Antônio Borba.