Segurança
Polícia Civil deflagra Operação Cantina em combate a delitos de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
A organização criminosa praticava extorsões através do conhecido golpe dos nudes, utilizando parte do dinheiro em cantinas de prisões.
Uma das células de uma facção criminosa, que praticava lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, além de extorsão e corrupção de menores mediante o golpe dos nudes, foi alvo ao amanhecer desta segunda-feira da operação Cantina, do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil. Uma adolescente, de 17 anos, de Sapiranga, foi aliciada para expor o próprio corpo nas conversações com as vítimas do golpe do nudes, que fez ao menos 80 vítimas em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Goiás e Paraíba. Na ação, conduzida pelo delegado Rafael Liedtke, foram presos 31 suspeitos até o momento.
Houve o cumprimento de 41 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Tramandaí e Imbé, além dos bairros Ingleses e Carianos, na Ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. Os agentes efetuaram ainda dois sequestros judiciais de veículos e 25 bloqueios de contas bancárias. Cerca de 150 agentes, com apoio aéreo do helicóptero da Polícia Civil, foram mobilizados.
A investigação começou há 11 meses, após a detenção em flagrante de um indivíduo em Cachoeirinha. Uma pistola calibre nove milímetros e um automóvel Mercedes-Benz, avaliado em R$160 mil, foram recolhidos na ocasião. “A partir dessa prisão, foi constatada a existência de uma organização criminosa muito bem estruturada, especializada no cometimento desses delitos, com base nas zonas Leste e Sul da Capital, com ramificações em Santa Catarina”, explicou.
O trabalho investigativo apurou que um dos líderes do grupo, apontado como um dos braços da facção, já esteve recolhido em presídios da Capital, onde exerceu a função de cantineiro e fez diversos contatos com os subordinados. “Uma vez em liberdade, mas em razão desses contatos, arregimentava outros criminosos, geralmente recolhidos, pra ajudarem na prática do conhecido golpe dos nudes”, afirmou o delegado Rafael Liedtke.
A equipe do Denarc apurou que os criminosos entravam em contato com homens de classe média e alta, por meio de perfis falsos de mulheres jovens, em redes sociais para obter fotografias das vítimas nuas. A partir de então, eles praticavam graves extorsões nas vítimas, passando-se inclusive por delegados. “O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os criminosos. Para a produção do material, os investigados inclusive aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças”, detalhou o delegado Rafael Liedtke.
A segunda etapa do golpe dos nudes era a receptação dos valores obtidos com as extorsões, sendo cooptados terceiros para a pulverização do dinheiro e retorno do mesmo às lideranças. Essas levavam uma vida luxuosa com os familiares. Parte dos valores eram distribuídos também para outros criminosos, em sua maioria apenados que usavam do dinheiro para obterem regalias nas cantinas dos estabelecimentos prisionais. Outra parte do lucro da organização criminosa retroalimentava o tráfico de drogas e de armas.