Segurança

Polícia Civil identifica o autor de estupro e morte de adolescente indígena kaingang em Redentora

O corpo de Daiane, de 14 anos, foi encontrado no último dia 04 de agosto passado em Linha Ferraz, na zona rural do município de Redentora.

Por Correio do Povo Publicado em 15/09/2021 13:45 - Atualizado em 03/06/2024 10:15

A Polícia Civil anunciou na manhã desta quarta-feira a conclusão do inquérito sobre o abuso sexual e morte da adolescente indígena kaingang Daiane, de 14 anos, cujo corpo foi encontrado no último dia 04 de agosto passado em Linha Ferraz, na zona rural do município de Redentora. Em entrevista coletiva à imprensa ocorrida na sede da 22ª Delegacia de Regional de Polícia do Interior, em Três Passos, o encarregado da investigação, delegado Vilmar Alaídes Schaefer, detalhou o procedimento policial que será remetido ao Ministério Público do Rio Grande do Sul e ao Poder Judiciário.

Através de diligências e apoio do Instituto-Geral de Perícias (IGP), o trabalho investigativo dos policiais civis identificou o autor do crime, que não é indígena e já encontrava-se preso como suspeito. “Temos suficientes indícios de autoria e elementos comprobatórios da materialidade que apontam o indivíduo como autor deste crime bárbaro”, frisou.

Coletiva à imprensa foi realizada em Três Passos | Foto: PC / Divulgação / CP

O delegado Vilmar Alaídes Schaefer revelou que o indivíduo foi indiciado por “crime de estupro de vulnerável seguido de homicídio praticado por asfixia mecânica contra a vítima para assegurar a impunidade do crime antecedente de violência sexual”.

Ele acrescentou ainda foi praticado um feminicídio e citou inclusive “o menosprezo e discriminação à condição indígena” da vítima. “Ela estava em uma situação de vulnerabilidade e impossibilidade de manifestar qualquer vontade”, enfatizou.

Inicialmente, os agentes tinham sete linhas investigatórias até chegar ao autor do crime. “Nenhum suspeito foi desconsiderado”, observou, explicando que 88 pessoas prestaram depoimentos. Todas estavam em uma festa na vila São João, onde a vítima e amigas participaram entre a noite do dia 31 de julho e madrugada de 1º de agosto.

Um segundo suspeito chegou a ser detido no período de investigação, pois o moleton dele havia sido encontrado junto do corpo da vítima. Os policiais civis apuraram depois que ele havia apenas emprestado à adolescente durante a festa devido ao frio.

Sobre as dilacerações no corpo, o delegado Vilmar Alaídes Schaefer constatou que não tinham sido produzidas pelo indiciado, mas por animais. Ele destacou que o lugar onde o cadáver foi localizado é ermo e de difícil acesso. “Só foi ali quem conhecia o local”, resumiu. O corpo estava em uma plantação nas imediações de uma mata aberta. Nua, a indígena tinha parte do corpo dilacerado.

“Todo crime deixa vestígios. Foram deixados vestígios genéticos no corpo da vítima que levaram ao autor dos fatos. O DNA dele estava no corpo dela”, recordou. O pedido de prisão preventiva do indiciado, que está recolhido no Presídio Estadual de Três Passos, já foi solicitado.

Perícia

Tanto o autor do crime como o suspeito inicial tiveram os vestígios genéticos comprovados na cena do crime. As análises realizadas pelo Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP identificaram o DNA do indiciado no corpo da vítima e do suspeito no moletom.

De acordo com o IGP, novos testes estão sendo realizados nos materiais encaminhados à perícia. Os laudos serão posteriormente anexados ao inquérito. “As análises serão liberadas em laudo complementar de DNA”, informou a instituição.

Além do trabalho em laboratório, foram realizadas duas perícias no local do crime pela equipe da 6ª Coordenadoria Regional de Perícias, que tem sede em Santo Ângelo. “As amostras coletadas durante a necropsia, porém, foram fundamentais para o trabalho de perícia laboratorial, que comprovou o ato libidinoso praticado contra a menor de idade”, apontou o IGP.

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