Segurança
Polícia faz operação contra facção paulista que fatura milhões mensais com tráfico no RS
Força-tarefa aconteceu em onze cidades gaúchas e outros 5 Estados.
Após dois anos de investigações, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta terça-feira (20), a sua investida contra uma das maiores organizações criminosas do país – que, agora, está atuando em território gaúcho. A facção teve origem em presídios de São Paulo e, após aliança com um grupo do Vale do Sinos, passou a utilizar a região em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Segundo a polícia, a quadrilha faturava R$ 12 milhões por mês no Estado com a venda de entorpecentes. O dinheiro era movimentado a partir de laranjas, que residiam no Rio Grande do Sul e em outras partes do país. Os principais operadores do esquema, presos em São Paulo, têm vínculo com um homem detido em um presídio gaúcho. A parte financeira e logística do esquema era coordenada fora do sistema carcerário.
“Eles realizavam um emaranhado de transações bancárias, estruturadas em pequenas quantias para burlar fiscalizações das autoridades, muitas vezes realizando triangulações entre laranjas. Percebemos idas e vindas de créditos para pagamento ao operador nacional e distribuição de lucros entre os operadores gaúchos por terem exercido as funções de logística”, explica o delegado Adriano Nonnenmacher.
A operação, batizada de “Irmandade”, mobiliza 330 agentes de segurança pública no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e Pará. Devem ser cumpridos, até o final do dia, cinco mandados de prisão preventiva, 72 de busca e apreensão e uma série de bloqueio de ativos bancários. Estima-se que o grupo acumule R$ 3,5 milhões só em imóveis e ações na Bolsa de Valores.
Menino de sete anos era feito de laranja
Um dos principais personagens da investigação é um homem baiano, preso no Pará após ser flagrado pela Polícia Federal enquanto operava aviões lotados com cocaína. Ele seria o responsável por coordenar a ação de 36 traficantes gaúchos. Antes da força-tarefa deflagrada hoje, o grupo chegou a ter toneladas de maconha e cocaína apreendidas pelas forças de segurança pública.
“Os extratos bancários e variados relatórios fiscais, bem como de inteligência financeira, confirmaram uma movimentação anual de R$ 120 milhões de reais das pessoas físicas e jurídicas investigadas. Para a Polícia Civil, essa união criminosa se tornou o maior esquema de venda de drogas e de lavagem de dinheiro no Estado”, ressalta Carlos Henrique Braga Wendt, diretor de investigações do Denarc.
Até mesmo um menino de sete anos de idade, que mora em Santa Maria, teria sido usado como laranja pelos criminosos. Uma das contas vinculadas à facção estava no nome da criança. O grupo também costumava abrir empresas de fachada, possibilitando que usassem vários veículos e dinheiro em espécie, a maioria de luxo e todos em nome de laranjas, por um curto período de tempo.