Segurança
Polícia prende 15 pessoas em operação contra quadrilha que roubava cargas vindas da Argentina
Ofensiva foi deflagrada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
A Polícia Civil gaúcha prendeu 15 pessoas, na manhã desta terça-feira (26), durante operação contra organização voltada à prática de roubos de cargas em quatro estados brasileiros. A ofensiva, denominada Conexão Sul, ocorre em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, onde foram cumpridas 22 ordens de busca e apreensão.
As buscas acontecem nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Uruguaiana e Santana do Livramento (RS); Tijucas, Itapema, Itajaí, Porto Belo e Penha (SC); Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Prudente (SP). Do total de presos, cinco já estavam no sistema prisional.
As investigações, que perduraram cerca de um ano e meio, apontaram a existência de um grupo estruturado para a prática de roubos de carga de alto valor agregado que adentravam o país pela fronteira com a Argentina, em especial cargas de salmão – embora a quadrilha também tenha efetuado roubos de outras espécies de carga, como carnes nobres, queijos e chocolate. Entre os anos de 2016 e 2020, foram identificados pelo menos 15 roubos do tipo somente no Rio Grande do Sul, com prejuízos que ultrapassam os R$ 10 milhões.
Do total de presos até o momento, catorze ocorreram através de mandados de prisão preventiva e um em flagrante por posse de arma de fogo. Ainda, foram apreendidas algumas caixas de salmão chileno na residência de um dos investigados, as quais se suspeita serem produto de roubo, uma vez que era justamente este tipo de carga a mais visada pela quadrilha, fato que será determinado pelo inquérito policial. Cerca de 120 policiais civis realizam a operação que conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil de Santa Catarina, Polícia Civil do Paraná, Polícia Civil de São Paulo.
Como agia a quadrilha
Conforme a investigação, a quadrilha possuía dois núcleos estruturantes: um em Uruguaiana e outro no litoral norte de Santa Catarina. As ações eram orquestradas pelos dois líderes, os quais, através de contatos com ajudantes aduaneiros, possuíam informações privilegiadas sobre o tipo de carga e o caminhão que a transportava quando de seu ingresso no país, através do porto seco de Uruguaiana. De posse destas informações, repassadas pelos indivíduos por ele referidos como “papel” (ajudantes aduaneiros), a quadrilha se deslocava de Santa Catarina, sendo recebida pelo núcleo gaúcho e iniciando a preparação da abordagem que ocorria nas rodovias federais entre Uruguaiana-São Borja-Ijuí, embora tenham cometido roubos em outros locais do Estado. A abordagem era feita com pelo menos dois veículos e uso de armas de fogo. Um indivíduo, denominado “elétrico”, era responsável pelo desligamento dos sistemas de segurança do caminhão vítima, bem como havia o uso de bloqueadores de sinal de alta potência. O veículo, então, era levado a outro local, onde era feito o transbordo da carga para outro caminhão, seguindo a carga roubada até seu destino final que, por regra, era o Estado de Santa Catarina. Os receptadores já eram previamente alinhados com a quadrilha, sabendo que receberiam as cargas antes mesmo do roubo ocorrer, havendo inclusive a falsificação de notas fiscais para dar lastro à mercadoria. Os lucros eram distribuídos de forma organizada, existindo mesmo a figura de um “tesoureiro” dentro da quadrilha.