Política

Primeiro debate presidencial das Eleições 2022 é marcado por embates

Bolsonaro e Lula protagonizaram enfrentamento, e temática feminina se destacou

Por Felipe Nabinger / Correio do Povo Publicado em 29/08/2022 00:20 - Atualizado em 03/06/2024 11:20

Após uma semana de incertezas quanto a presença dos principais candidatos ao cargo de presidente da República, o primeiro debate das eleições deste ano foi realizado na noite deste domingo nos estúdios da Band, em São Paulo. 

Pela primeira vez, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interagiram, momento mais aguardado da campanha eleitoral até aqui. 

Além desse embate marcar a polarização do cenário político, foi um inédito encontro entre um presidente no cargo com um ex-presidente neste tipo de evento. 

Também participaram os candidatos Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). 

A temática feminina foi destaque, com abordagem de políticas para mulheres e questões relacionadas ao machismo.

O primeiro bloco iniciou com perguntas sobre os programas de governo feitas por jornalistas, uma a cada dupla de candidatos. Para aqueles menos conhecidos, foi momento para usar a maior parte do tempo para se apresentar.

Na sequência, foi a vez das perguntas entre candidatos, com cada um deles fazendo e respondendo a uma pergunta. 

Por sorteio, coube a Bolsonaro fazer a primeira delas, escolhendo Lula para responder em momento aguardado, colocando frente a frente os adversários.

Bolsonaro questionou sobre a corrupção na Petrobras. 

O ex-presidente respondeu elencando medidas de combate a corrupção adotados em sua gestão. 

Na réplica, Bolsonaro chamou de “mais corrupto da história” do país a gestão do adversário, que na tréplica elencou investimentos em áreas como meio ambiente e educação. 

O primeiro bloco, no entanto, parecia um momento em que os candidatos se estudavam, esquivando-se de assuntos mais polêmicos ou debate mais acalorado.

Já no segundo bloco, em que jornalistas traziam questões a um candidato e escolhiam outro para comentar, mais uma vez Bolsonaro e Lula ficaram cara a cara. 

O presidente garantiu a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, caso eleito, em 2023. 

O petista disse que não há previsão disso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Mas os ânimos se exaltaram entre Lula e Ciro, quando o ex-presidente relembrou a viagem do trabalhista a Paris após o primeiro turno de 2018.

As principais críticas ao atual governo não vieram de Lula ou Ciro

Foi a senadora Simone Tebet quem adotou a estratégia de questionar ações da gestão Bolsonaro, principalmente na condução da pandemia. 

Em pergunta direcionada a Ciro que tinha seu comentário, Bolsonaro chegou a usar seu tempo para contestar Tebet, após fazer crítica a uma jornalista. 

As candidatas Tebet e Thronicke reagiram e criticaram o presidente

O terceiro bloco iniciou com novo embate entre candidatos para discutir propostas. 

No entanto, os temas principais levantados foram misoginia, corrupção e políticas públicas adotadas na pandemia, com críticas ao atual governo e ao presidente. 

Depois, os candidatos responderam a perguntas de jornalistas e tiveram espaço para considerações finais.

Ciro enfatizou que sua luta não é contra os demais candidatos, mas contra o modelo econômico adotado no país nas últimas décadas. 

Lula citou a escolha de Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice e chamou de golpe o impeachment de Dilma Roussef. Bolsonaro disse que a eleição polarizada e fez críticas ao adversário.

Simone Tebet lamentou a polarização, comprometeu-se a combater a discriminação e pediu o voto feminino. 

Soraya Tronicke defendeu o imposto único, bandeira de sua campanha, pedindo união. 

Luiz Felipe D'Ávila criticou profissionais da política e defendeu menos poder para o estado e mais poder aos empreendedores.

Mudança de posições

Antes mesmo de começar, o debate movimentou um grande contingente na segurança. 

Além disso, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, alegando motivos de segurança, o posicionamento dos candidatos, determinado por sorteio, foi alterado, com anuência dos organizadores. 

A ordem original das perguntas, no entanto, foi mantida.

Assim, o ex-presidente Lula, que ficaria ao lado de Bolsonaro, entre ele e Ciro Gomes, teve o lugar trocado com o da senadora Soraya Thronicke. 

Nos bastidores, apoiadores dos candidatos exaltaram os ânimos. O deputado federal André Janones e o ex-ministro e candidato Ricardo Salles discutiram e precisaram ser separados.

Além do Grupo Bandeirantes, formam o pool de emissoras que realizaram e transmitiram esse debate a TV Cultura, o jornal Folha de São Paulo e o UOL, além do Google.

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